Por Andrea Shalal e David Lawder
WASHINGTON (Reuters) - Independentemente de a chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, ter ou não culpa por mudanças em dados do Banco Mundial que beneficiaram a China em 2017, o escândalo afeta as reputações das pesquisas das duas instituições, disseram ex-funcionários, autoridades de governos e especialistas externos.
Os danos do escândalo de manipulação de dados, que obrigaram o Banco Mundial a encerrar seu ranking de clima de negócios "Doing Business", podem ser difíceis de consertar e fazem com que se questione se as importantes pesquisas das instituições estão sujeitas à influência de seus acionistas.
Georgieva nega com veemência as acusações de um relatório de investigação externo do Banco Mundial de que exerceu uma "pressão indevida" sobre funcionários para promover mudanças que elevaram a China da 85ª para a 78ª posição no ranking "Doing Business" no relatório de 2018, num momento em que a instituição buscava o apoio de Pequim para um grande aumento de capital.
Uma posição mais elevada na influente publicação do Banco Mundial poderia se traduzir em mais entradas de fluxo de fundos de investimento estrangeiros, e com isso fortalecer as economias e os mercados financeiros dos países, já que administradores de fundos usam os rankings "Doing Business" em seus modelos analíticos. Funcionários antigos e atuais do Banco Mundial dizem que países estão sempre pressionando para obter um ranking maior.
Georgieva culpa o escritório do ex-presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, por ordenar mudanças que estavam fora da metodologia estabelecida do relatório. As alterações, identificadas primeiramente em uma revisão de dezembro de 2020, incluíram a retirada de métricas para o período de tempo exigido para se abrir uma conta bancária e obter faturas, o que reduziu o período de tempo estimado para se iniciar um negócio em Pequim e Xangai.
"Dado o quão crítico é que estes dados sejam... vistos como incontestáveis, estas alegações são profundamente perturbadoras", escreveram os senadores norte-americanos Robert Menendez e James Risch em uma carta ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pedindo "responsabilização plena" na questão.
Economistas e líderes femininas proeminentes estão saindo em defesa de Georgieva com artigos de opinião e tuítes, entre eles Joseph Stiglitz, ex-economista-chefe do Banco Mundial, que qualificou as alegações como "tentativa de golpe" no FMI.