Por Friederike Heine e Balazs Koranyi
FRANKFURT/BERLIM (Reuters) - A pressão dos salários significa que a inflação está se mostrando persistente, disse o banco central da Alemanha nesta sexta-feira, um dia depois que o Banco Central Europeu fez seu primeiro corte nas taxas de juros desde 2019.
O alerta da maior economia da Europa deve reforçar expectativas de que as taxas de juros só podem cair lentamente. A inflação caiu de dois dígitos no final de 2022, mas a "última milha" está se mostrando complicada, tanto na zona do euro quanto nos Estados Unidos.
"A inflação está se mostrando persistente, especialmente no caso dos serviços, onde o forte crescimento dos salários e as pressões de custo resultantes são fatores importantes", disse o Bundesbank em uma atualização semestral de suas projeções econômicas.
"Os salários negociados devem aumentar de forma particularmente acentuada este ano", acrescentou.
O banco agora vê a inflação na Alemanha em 2,8% este ano, acima da previsão de 2,7% de seis meses atrás, e o crescimento em apenas 0,3%, ante estimativa de 0,4% feita em dezembro.
"Embora a taxa de inflação na Alemanha continue a diminuir, o ritmo é moderado", disse o presidente do Bundesbank, Joachim Nagel. "Nós, no Conselho do BCE, não estamos dirigindo no piloto automático quando se trata de cortes nas taxas de juros."
A equipe do BCE apresentou nesta semana previsões para a inflação da zona do euro, que agora deve ficar acima da meta de 2% do banco até o final do próximo ano.
RECUPERAÇÃO LENTA
A economia alemã foi a mais fraca entre as grandes da zona do euro no ano passado, uma vez que os altos custos de energia, a fraqueza das encomendas globais e as taxas de juros em níveis recordes cobraram seu preço.
No entanto, o Ministro da Economia da Alemanha, Robert Habeck, deu um tom mais otimista nesta sexta-feira, dizendo que "se tudo correr bem" o crescimento econômico poderá chegar a 1,5% em 2025.
Em discurso em um evento para empresas familiares, Habeck disse que os problemas econômicos dos últimos dois anos - um aumento acentuado nos preços da energia e a inflação elevada devido à guerra na Ucrânia - estão "sob controle", o que agora abriria caminho para o crescimento.
Enquanto isso, novos dados da Alemanha sobre a produção industrial e o comércio para abril forneceram um quadro misto.
Embora as exportações tenham mantido sua tendência de alta, aumentando 1,6% em abril em comparação com o mês anterior, a produção industrial caiu 0,1% na base mensal, apontando para uma recuperação econômica lenta. O superávit comercial permaneceu quase inalterado em 22,1 bilhões de euros.
Os dados "aumentam os temores de que o crescimento econômico geral será fraco no segundo trimestre", disse Thomas Gitzel, economista-chefe do VP Bank. "Uma produção mais alta no setor requer inicialmente um crescimento mais forte na entrada de pedidos."