BC diz que avaliou impacto acumulado do choque de juros e agora entrou em "novo estágio" com Selic inalterada

Publicado 23.09.2025, 08:18
Atualizado 23.09.2025, 09:35
© Reuters.

Por Bernardo Caram

BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central afirmou que, após avaliar os efeitos acumulados do choque de juros, entrou agora em um novo estágio da política monetária que prevê taxa Selic inalterada por longo período para buscar a meta de inflação, mostrou nesta terça-feira a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

"Após uma firme elevação de juros, o Comitê optou por interromper o ciclo e avaliar os impactos acumulados", disse a autarquia no documento, em referência à reunião do Copom de julho.

“Agora, na medida em que o cenário tem se delineado conforme esperado, o Comitê inicia um novo estágio em que opta por manter a taxa inalterada e seguir avaliando se, mantido o nível corrente por período bastante prolongado, tal estratégia será suficiente para a convergência da inflação à meta”, destacou.

Na semana passada, o BC decidiu manter a taxa Selic em 15% ao ano pela segunda vez seguida, em decisão unânime de sua diretoria, e destacou que o ambiente incerto demanda cautela e que seguirá avaliando se manter os juros nesse patamar por período bastante prolongado será suficiente para levar a inflação à meta.

Na ocasião, a autarquia retirou a menção feita em julho de que “antecipa uma continuação na interrupção no ciclo de alta de juros” para examinar os efeitos do ajuste já feito anteriormente.

Agora, apesar de afirmar que já passou dessa etapa e pregar a manutenção da Selic em 15% por período prolongado, o Copom voltou a dizer que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que "não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado".

Para o economista-chefe da XP, Caio Megale, a ata reforça o tom duro do BC e mantém "viés de alta" para a Selic, buscando evitar "qualquer discussão de mercado sobre cortes de juros no curto prazo".

"Em nossa visão, a ata sugere que um ciclo de corte de juros é bastante improvável neste ano", disse, prevendo um cenário de melhora inflacionária à frente, o que abrirá espaço para uma política monetária menos restritiva em 2026.

CÂMBIO AJUDA

Ao reafirmar "firme compromisso" com a meta de inflação de 3%, o BC disse que as leituras recentes dos índices de preços mostram dinâmica mais benigna em relação ao que se previa no início do ano.

"A combinação de um câmbio mais apreciado e um comportamento mais benigno das commodities contribuiu para uma redução nas inflações de bens industrializados e alimentos", afirmou.

Para o BC, a recente valorização do real é possivelmente relacionada ao diferencial entre os juros do Brasil e de outras economias, mas também à depreciação do dólar frente a outras moedas.

A autarquia ponderou que a inflação de serviços tem se mantido mais resiliente diante de um mercado de trabalho dinâmico e uma atividade que tem apresentado moderação gradual, com núcleos (que descartam itens mais voláteis) acima do valor compatível com o atingimento da meta.

Para a autoridade monetária, esse sinal de moderação econômica traz maior convicção de que o cenário delineado anteriormente pelo BC está se concretizando. O documento apontou que estímulos fiscais e creditícios, que poderiam levar a discrepâncias no cenário, não provocaram divergências relevantes até o momento.

No crédito, mais sensível à política monetária, o BC disse ter notado arrefecimento, com resfriamento mais forte de linhas de maior duração em contraposição ao crédito emergencial. A autarquia também disse observar uma desaceleração maior no consumo de bens mais ligados ao crédito do que daqueles mais vinculados à renda do trabalho, que segue resiliente.

O BC também apontou que se observou em um primeiro momento uma redução nas medidas de inflação implícita extraídas de preços de ativos financeiros e, mais recentemente, observa-se um "incipiente" movimento de queda nas expectativas de inflação medidas pelo boletim Focus, mas ainda concentrada em horizontes mais curtos.

"O Comitê avalia que a reancoragem das expectativas de inflação reduz os custos da desinflação e entende que tal processo exige perseverança, firmeza e serenidade", afirmou.

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