Por Leika Kihara e Stanley White
TÓQUIO (Reuters) - O banco central do Japão deixou inalterada a política monetária nesta quinta-feira e pediu aos mercados que mantenham a confiança de que a inflação atingirá a meta de 2 por cento.
Mas o recém-chegado ao conselho, Goushi Kataoka, não comprou esse discurso.
Defensor de um afrouxamento monetário agressivo que juntou-se ao conselho em julho, Kataoka foi o dissidente na votação por 8 a 1 e foi contra a visão do Banco do Japão de que a atual política é suficiente para impulsionar a inflação para a sua meta.
O presidente do banco central, Haruhiko Kuroda, entretanto, minimizou qualquer sugestão de que um novo desentendimento no conselho possa adiar ainda mais qualquer plano do banco central de reduzir seu forte estímulo.
Kuroda disse que não vê nada errado em ter um dissidente no conselho e destacou a determinação do Banco do Japão em manter ou mesmo aumentar seu programa de estímulo.
"As movimentações de preços continuam fracas e ainda há alguma distância para alcançar nossa meta de preço. O Banco do Japão continuará com seu poderoso afrouxamento monetário para alcançar inflação de 2 por cento o mais cedo possível", disse Kuroda em entrevista à imprensa.
"Adotaremos mais medidas de afrouxamento monetário se necessário."
Como esperado, o banco central decidiu manter sua meta para a taxa de juros de curto prazo em -0,1 por cento e a promessa de guiar o rendimento do título de 10 anos em torno de zero por cento de acordo com sua política de controle da curva de rendimento.
O Banco do Japão também manteve a promessa de manter as compras de títulos para que sua carteira aumente a um ritmo anual de 80 trilhões de ienes (717,6 bilhões de dólares), indo contra o plano do Federal Reserve, banco central norte-americano, de reverter suas medidas da época da crise.
Kataoka expressou ceticismo em relação à convicção do banco central sobre atingir inflação de 2 por cento.
"Os efeitos do afrouxamento monetário com a atual curva de rendimento não são suficientes para alcançar inflação de 2 por cento no ano fiscal de 2019", como projetado pelo Banco do Japão, disse ele em comunicado anunciando a decisão de política monetária.
O ex-economista não propôs reduzir os juros mas disse que a inflação não deve acelerar para 2 por cento a partir do próximo ano, sinalizando a necessidade de mais medidas de afrouxamento para elevar a inflação do atual nível de cerca de 0,5 por cento.