SÃO PAULO (Reuters) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta sexta-feira que a instituição está "confortável" com a inflação com base nos cenários do banco, acrescentando que o choque do aumento do preço da carne no fim do ano passado vai se dissipar mais rápido depois de ter vindo também mais rápido.
Em evento da XP Investimentos, Campos Neto afirmou ainda que o BC não faz política monetária "olhando um IPCA" e que uma inflação implícita de 3,5% não incomoda a autoridade monetária.
"Nos guiamos por inflation target (meta de inflação). Nunca passamos mensagem sobre mudança de mandato em nenhuma hipótese", afirmou em evento promovido pela XP Investimentos.
A inflação implícita de 3,5% está abaixo do centro da meta perseguida pelo BC para este ano, de 4%.
Indagado sobre o IPCA-15 mais alto, divulgado na quinta-feira, Campos Neto disse que o índice de inflação veio "mais ou menos em linha" com o que o banco esperava.
Ele minimizou ainda a alta nos núcleos do IPCA-15, afirmando que nessas medidas "sempre tem uma contaminação marginal quando um elemento (preços das proteínas) destoa muito".
A prévia da inflação subiu 0,71% em janeiro, taxa mais alta para o mês em quatro anos.
A alta dos núcleos de inflação, que desconsideram os preços mais voláteis, surpreendeu o mercado na quinta-feira e levou a uma alta das taxas no mercado de juros na parte da manhã pelo entendimento de que havia menor espaço para cortes da Selic.
Campos Neto lembrou ainda que o BC tem mantido coerência sobre os fatores analisados para definir os juros e lembrou o "gap", ou defasagem, da política monetária.
O presidente do BC falou ainda sobre a importância da agenda de reformas estruturais da economia para a política monetária. "Sempre mencionamos as reformas, mas não só a da Previdência, a tributária, a administrativa... também", afirmou em evento promovido pela XP Investimentos.
(Por José de Castro)