Por Balazs Koranyi e Francesco Canepa
FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu aprovou uma expansão maior do que a esperada em seu programa de estímulo nesta quinta-feira para impulsionar uma economia que afundou em sua maior recessão desde a Segunda Guerra Mundial devido à pandemia de coronavírus.
Poucos meses após uma série de medidas emergenciais, o BCE aumentará o tamanho do seu Programa de Compra de Emergência Pandêmica em 600 bilhões de euros, para 1,35 trilhão de euros, e prorrogou o programa até junho de 2021, seis meses a mais do que o originalmente planejado.
O BCE também disse que vai reinvestir os recursos até pelo menos o final de 2022.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, minimizou as especulações de que o banco poderia seguir o Federal Reserve dos EUA na compra de títulos arriscados sem grau de investimento, dizendo que essa opção nem sequer foi discutida pelas autoridades.
O anúncio -- que ocorre apenas algumas semanas após o Tribunal Constitucional da Alemanha ter decidido que o BCE estava abusando de seu mandato com um programa de compra de ativos de longa data -- provocou um rali no euro e no mercado de títulos.
"As medidas de flexibilização de hoje foram outro exemplo de que o BCE fala sério e está pronto para fazer o que for necessário para ajudar a área do euro a sobreviver à crise do corona. O BCE fará sua parte e espera que os governos façam a parte deles", disseram analistas da Nordea em nota.
O banco revisou drasticamente seu cenário base para a produção da zona do euro este ano, prevendo contração de 8,7% em relação ao modesto aumento de 0,8% previsto em março.
O BCE previu uma recuperação parcial, com crescimento de 5,2% no próximo ano e de 3,3% em 2022, mas Lagarde disse em entrevista coletiva que os sinais de qualquer recuperação até agora são "mornos", e que os riscos para a projeção básica estão pendendo para o lado negativo.
"A economia da zona do euro está passando por uma contração sem precedentes. Houve uma queda abrupta da atividade econômica como resultado da pandemia de coronavírus e das medidas tomadas para contê-la", disse Lagarde.
Ela disse estar confiante de que uma "boa solução" pode ser encontrada para o impasse legal com o a corte suprema da Alemanha.
À medida que a crise econômica se aprofunda e se estende por mais tempo do que o esperado, os governos enfrentam déficits recordes para amortecer o impacto da pandemia, colocando um fardo maior sobre o BCE para que absorva essa nova dívida e mantenha os custos dos empréstimos administráveis.
Lagarde comemorou o que chamou de proposta "ambiciosa" da Comissão Europeia de um orçamento de 1,1 trilhão de euros para o bloco para 2021 a 2027, com um fundo de recuperação extra no valor de 750 bilhões de euros.