Por John O'Donnell
FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu (BCE) julgará no começo do ano que vem se precisa adotar mais medidas para reviver a economia da zona do euro, disse nesta quinta-feira o presidente da instituição, Mario Draghi.
De forma unânime, o conselho do BCE está disposto a lançar medidas como um programa de compras de títulos de governos com dinheiro recém-impresso caso isso se mostre necessário, disse Draghi em entrevista coletiva, após o BCE manter os juros nas mínimas históricas.
O banco central da zona do euro definiu como meta para a expansão de seu balanço patrimonial --por meio da compra de ativos de bancos e outros em troca de dinheiro, na expectativa de que esses recursos circulem na economia-- até 800 bilhões ou mesmo 1 trilhão de euros (1,24 trilhão de dólares), trazendo-o de volta aos níveis apurados no começo de 2012.
Com as taxas de juros essencialmente zeradas, essa se tornou a meta da política monetária.
"No começo do ano que vem, o conselho vai reavaliar o estímulo monetário alcançado, a expansão do balanço patrimonial e a perspectiva para a evolução de preços", disse Draghi.
"Caso seja necessário tratar mais dos riscos de um período muito prolongado de inflação baixa... isso implicaria alterar no começo do ano que vem o tamanho, o ritmo e a composição de nossas medidas".
As preparações técnicas para tais medidas estão sendo intensificadas, disse ele.
Enquanto isso, o BCE vai avaliar o impacto das taxas de juros ultrabaixas, dos empréstimos baratos concedidos a bancos e das compras de empréstimos securitizados para tentar impulsionar o crédito.
O BCE revisou fortemente para baixo sua estimativa de crescimento para a zona do euro no ano que vem para 1,0 por cento, ante 1,6 por cento estimado em setembro.
A inflação agora é projetada em apenas 0,7 por cento em 2015, ante previsão de 1,1 por cento em setembro e muito abaixo da meta do BCE de perto porém abaixo de 2 por cento.
Draghi disse também que prestará particular atenção aos preços do petróleo, que caíram quase 40 por cento na segunda metade do ano. "Não vamos tolerar desvio prolongado da estabilidade de preço", disse ele.
O vice-presidente do BCE, Vítor Constâncio, afirmou na semana passada que o banco será capaz de avaliar de forma melhor no primeiro trimestre se precisa começar a comprar títulos soberanos.
Preocupações crescentes sobre a economia da zona do euro foram ressaltadas pelo influente vice-chair do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, Stanley Fischer. Ele disse que estímulos monetários ajudariam a Europa, como ajudaram os EUA.
"Se o BCE se mover nessa direção, isso terá efeitos positivos", disse Fischer, que foi mentor acadêmico de Draghi na universidade, a um jornal na Itália.
(Reportagem adicional de Paul Carrel)