Por Francesco Canepa
FRANKFURT (Reuters) - Duas autoridades do Banco Central Europeu (BCE) levantaram nesta sexta-feira a perspectiva de um fim para a maior e mais longa sequência de aumentos nos juros da instituição, já que as perspectivas para a economia da zona do euro pioraram apesar da inflação alta.
O BCE elevou os custos dos empréstimos pela nona vez consecutiva na quinta-feira, mas levantou a possibilidade de uma pausa em setembro, devido ao aumento das preocupações com a recessão.
As autoridades do banco Yannis Stournaras e Peter Kazimir disseram que o fim do ciclo de aperto monetário está próximo, embora tenham discordado sobre a probabilidade de mais uma alta de juros.
"Parece que estamos muito perto do fim dos aumentos dos juros", disse Stournaras, que também é presidente do banco central grego e defende juros mais baixos, ao site Capital.gr.
"De qualquer forma, se houver mais um (aumento) -- acho difícil -- em setembro, acredito que vamos parar por aí."
Seu colega eslovaco, Kazimir, também disse que o BCE está "perto da conclusão" de seus aumentos de juros, mas pediu "um passo firme adiante".
"Mesmo que fizéssemos uma pausa em setembro, seria prematuro considerá-la automaticamente... o fim do ciclo", disse o presidente do banco central eslovaco.
Kazimir e Stournaras disseram que é improvável que o BCE corte os juros nos próximos meses após seu último aumento, uma visão compartilhada pela autoridade lituana, Gediminas Simkus.
"Estamos procurando o lugar certo para ficar durante grande parte do próximo ano", disse Kazimir. "E você vai reconhecer que tem que ser um lugar onde todos nós devemos gostar um pouco."
Em um provável aceno às divisões entre os 26 responsáveis pela fixação dos juros do BCE, ele disse que isso estava se mostrando "desafiador com uma expedição tão grande quanto o Conselho do BCE".
O núcleo da inflação na zona do euro foi visto caindo mais lentamente do que se pensava anteriormente, com a expectativa de aumento de salários em um mercado de trabalho apertado.
Mas as previsões de crescimento foram revistas para baixo nos próximos dois anos, bem como a longo prazo, e as empresas registraram uma estagnação da atividade, sem melhoria à vista. A confiança no setor industrial continuou piorando também.