Por Balazs Koranyi e Francesco Canepa
FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu elevou as taxas de juros pela nona vez consecutiva nesta quinta-feira e disse estar de mente aberta para novo aperto monetário, à medida que a inflação e preocupações com uma recessão colocam as autoridades em direções opostas.
Lutando contra um aumento histórico nos preços, o BCE elevou os custos dos empréstimos em um total de 425 pontos-base desde julho passado, preocupado que o crescimento excessivo dos preços possa ser perpetuado por meio alta dos custos e de aumentos salariais, já que o mercado de trabalho permanece excepcionalmente apertado.
Com o movimento de 25 pontos-base desta quinta-feira, a taxa de depósito do BCE está em 3,75%, o nível mais alto desde 2000, antes mesmo de as notas e moedas de euro terem entrado em circulação. A principal taxa de refinanciamento foi fixada em 4,25%.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, afirmou em entrevista à imprensa que o que virá a seguir ainda está sendo avaliado, embora o banco central, que foi criticado pela resposta lenta ao salto inicial da inflação no ano passado, esteja determinado a controlá-la.
"Estamos fortemente fundamentados em nossa determinação de quebrar a inflação", disse Lagarde. "Existe a possibilidade de uma alta (na próxima vez). Existe a possibilidade de uma pausa. É um talvez contundente", completou ela, afirmando que o banco está de "mente aberta".
O comunicado do BCE afirma que a taxa de juros será estabelecida "em níveis suficientemente restritivos pelo tempo necessário" para alcançar um retorno oportuno da inflação à meta de médio prazo de 2%.
Mas retirou uma referência de que as taxas precisam ser "levadas" a um nível que reduza a inflação com rapidez suficiente, uma mudança sutil que pode ser vista como um sinal de que novos aumentos não são garantidos.
Lagarde explicou que a mudança "não foi aleatória ou irrelevante".
Está cada vez mais claro que o fim dos aumentos de juros está se aproximando rapidamente, com as autoridades debatendo se é necessário mais um pequeno movimento antes que as taxas sejam mantidas estáveis pelo que alguns acham que será um longo período de tempo.
O problema do BCE é que a inflação está caindo muito lentamente e pode levar até 2025 para recuar a 2%, já que um aumento de preço inicialmente impulsionado pela energia se infiltrou na economia em geral e está alimentando o custo dos serviços.
Embora a inflação geral esteja agora apenas na metade do pico de outubro, o aumento dos preços subjacentes está pairando perto de máximas históricas e pode até ter acelerado este mês.
Lagarde disse que os riscos dos chamados efeitos indiretos não pioraram desde o mês passado. O mercado de trabalho continua excepcionalmente apertado, com o desemprego em mínima recorde aumentando os riscos de que os salários subam rapidamente conforme os trabalhadores usam seu poder de barganha para recuperar a renda real corroída pela inflação.
É por isso que muitos investidores e analistas estão esperando que o BCE puxe o gatilho novamente em setembro e pare apenas se os dados salariais fornecerem alívio.
Mas o humor está claramente mudando já que a economia dos 20 países da zona do euro desacelera. Há poucas semanas os mercados precificavam outro aumento de juros, mas agora um número crescente de investidores aposta que o movimento desta quinta-feira será o último.