Por Francesco Canepa e Frank Siebelt e Balazs Koranyi
FRANKFURT (Reuters) - À medida que a zona do euro começa a emergir das profundezas da recessão induzida pela pandemia, o Banco Central Europeu enfrenta um difícil exercício de equilíbrio entre ajudar governos endividados e manter apoio dos credores.
Estimulados pelo grande programa de compra de títulos do BCE e pelos juros baixíssimos, os governos nacionais assumiram uma montanha de novos empréstimos para amortecer o impacto da pandemia de coronavírus, elevando a dívida pública total para 102% da produção da região.
Com a recuperação da zona ficando atrás da dos Estados Unidos ou da Ásia, esses países não vão conseguir crescer o suficiente para sair da dívida ou vê-la sendo corroída pelo aumento dos preços tão cedo.
Ainda assim o presidente do banco central alemão, Jens Weidmann, deixou claro que espera que a política monetária retorno ao normal quando a inflação voltar.
Isso significa que a presidente do BCE, Christine Lagarde, e seus colegas precisam encontrar um difícil equilíbrio entre a necessidade de manter o crédito suficientemente disponível para os países mais fracos, como a Itália, sem perder o apoio dos países credores.
"Acho que o BCE está preso", disse Friedrich Heinemann, professor do instituto alemão ZEW.
"Certos países altamente endividados não podem mais lidar sozinhos. O grande problema aqui é a dívida italiana", disse ele sobre o nível de 154% da dívida/PIB de Roma.
O economista-chefe do BCE, Philip Lane, rejeitou a ideia de que a política monetária do banco é restrita, dizendo em uma entrevista à Reuters no ano passado que estava confiante de que o banco poderá sair de seus programas de compra de títulos quando a inflação assim o permitir.