Por Balazs Koranyi e Francesco Canepa
FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu (BCE) afirmou nesta quinta-feira que está pronto para acelerar a impressão de dinheiro a fim de conter eventual alta nos custos de empréstimos, sinalizando a um cético mercado que está determinado a construir as bases para uma sólida recuperação econômica.
Preocupado que a alta nos rendimentos dos títulos possa afetar a recuperação no bloco de 19 países que usam o euro, o BCE disse que usará seu Programa de Compras Emergenciais da Pandemia (PEPP, na sigla em inglês) de 1,85 trilhão de euros de forma mais generosa nos próximos meses, visando interromper qualquer alta não justificada nos custos de financiamento.
"O Conselho espera que as compras sob o PEPP ao longo do próximo trimestre sejam realizadas a um ritmo significativamente maior do que durante os primeiros meses deste ano", disse o BCE.
A amplamente esperada decisão acontece depois de alta constante nos rendimentos desde o início do ano, que refletiu principalmente movimento similar nos Treasuries, em vez de se basear em perspectivas econômicas melhores na zona do euro.
O crescimento da zona do euro está atualmente mais fraco do que o projetado, uma vez que uma nova onda da pandemia de coronavírus e uma distribuição lenta de vacinas exigem lockdowns mais longos, desafiando expectativas de rápida recuperação na primavera do Hemisfério Norte.
"Embora a situação econômica geral deva melhorar ao longo de 2021, permanecem as incertezas em torno da perspectiva econômica no curto prazo, relacionadas em particular à dinâmica da pandemia e à velocidade das campanhas de vacinação", disse a presidente do BCE, Christine Lagarde, em coletiva de imprensa.
Novas projeções do banco, entretanto, apontam crescimento ligeiramente maior da economia, de 4% para 2021. A previsão de inflação também foi elevada a 1,5%, de 1% no cálculo de dezembro, embora Lagarde tenha dito que isso reflete fatores temporários e inflação dos preços da energia.
Investidores começaram a duvidar do compromisso do BCE depois que os volumes de compra de títulos caíram nas duas últimas semanas, contra expectativas de que o banco usaria sua tão enfatizada "flexibilidade" para acelerar as aquisições de bônus.
Com "doves" (inclinados a política monetária mais frouxa) e "hawks" (o oposto de "doves") em seu conselho divergindo sobre o nível de urgência, o BCE disse que continuará a comprar de forma flexível, mas reafirmou que sua cota do PEPP não será necessariamente usada totalmente se as condições do mercado permitirem.
Lagarde disse que a decisão teve consenso "total" no conselho.
Com a decisão desta quinta-feira, o BCE manteve sua cota do PEPP em 1,85 trilhão de euros e também deixou sua taxa de depósito na mínima recorde de -0,5%.
(Reportagem de Francesco Canepa)