Por Rodrigo Viga Gaier e Patrícia Duarte
SÃO PAULO (Reuters) - A economia brasileira entrou em recessão técnica oficialmente ao encolher mais do que o esperado no segundo trimestre, com encolhimento da indústria, serviços e agricultura, além de queda dos investimentos, pavimentando ainda mais o caminho para o país fechar 2015 com o pior desempenho da atividade em 25 anos.
Entre abril e junho, o Produto Interno Bruto (PIB) encolheu 1,9 por cento sobre os três meses anteriores e caiu 2,6 por cento na comparação anual, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira.
Pesquisa Reuters apontava que a economia teria queda de 1,7 por cento entre abril e junho frente ao trimestre anterior e de 2 por cento sobre um ano antes.
O resultado de abril a junho foi o pior desde o início de 2009, auge da crise financeira global, tanto na base anual quanto trimestral. Também foi o segundo período de três meses consecutivo de contração no Brasil, depois da queda revisada de 0,7 por cento no primeiro trimestre deste ano contra o período imediatamente anterior.
Segundo o IBGE, no trimestre passado o setor industrial encolheu 4,3 por cento contra janeiro a março, pior momento desde o primeiro trimestre de 2009. Já a agropecuária caiu 2,7 por cento no mesmo período e os serviços tiveram retração de 0,7 por cento.
A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), uma medida de investimentos, despencou 8,1 por cento no segundo trimestre ante o período anterior, também o pior desempenho desde o primeiro trimestre de 2009. O consumo das famílias, por sua vez, teve o pior resultado em mais de 14 anos, com queda de 2,1 por cento. O consumo do governo foi exceção aos números negativos, com crescimento de 0,7 por cento.
Os dados econômicos são divulgados em meio ao cenário de inflação elevada, desemprego ascendente, confiança em baixa e crise política.
Pela pesquisa Focus do Banco Central, que ouve semanalmente uma centena de economistas, a projeção é de que o PIB encolherá 2,06 por cento neste ano e 0,24 por cento em 2016. Se confirmado o resultado de 2015, será a pior recessão do país desde 1990.
(Reportagem adicional de Caio Saad, no Rio de Janeiro)