Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O BNP Paribas (EPA:BNPP) revisou sua projeção para a taxa básica de juros no Brasil ao final do ciclo de afrouxamento monetário em curso e agora vê a Selic a 8,5% ao ano, de 9,5% antes, citando a melhora recente no ambiente de juros global e uma perspectiva melhor do que a esperada para a inflação.
O chefe de pesquisa para América Latina do banco, Gustavo Arruda, e a economista para Brasil, Laiz Carvalho, esperam uma série de cortes de 0,50 ponto percentual até o terceiro trimestre de 2024, com uma redução final de 0,25 ponto em novembro do próximo ano.
Na última pesquisa Focus, a mediana das projeções apontava a Selic em 9,25% no final de 2024 e em 8,50% no encerramento de 2025.
Arruda e Carvalho também melhoraram nesta semana previsões para a inflação, passando a projetar alta de 3,5% no IPCA no próximo ano, abaixo dos 4,2% estimados anteriormente, diante de preços mais baixos de combustíveis e bens industriais e isenções pontuais de transporte público em São Paulo.
Em relatório a clientes, também assinado pelo estrategista para América Latina do BNP Paribas, Mario Castro, eles ponderam que os riscos são de que as conversas sobre aceleração dos cortes voltem à mesa, embora avaliem que o estágio do ciclo possa limitar essa possibilidade.
"Os riscos fiscais deverão continuar no centro das atenções e poderão ter impacto no cenário de flexibilização mais benigno, condicionado às próximas decisões de política fiscal", acrescentaram no relatório publicado nesta quinta-feira.
Na véspera, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central optou por um novo corte de 0,50 ponto na Selic, para 11,75% ao ano, e sinalizou no comunicado que acompanhou a decisão para cortes na mesma intensidade nas próximas reuniões.
A equipe do BNP ressalta que a ata da reunião, prevista para o próximo dia 19, deve trazer mais detalhes sobre os riscos fiscais, bem como "algumas palavras de cautela para evitar uma excitação excessiva no mercado quanto ao resto do ciclo de flexibilização".
Eles também afirmam que estarão atentos a qualquer divergência no Copom sobre o ritmo dos cortes nas taxas ou sobre a avaliação geral acerca do estágio da economia.