Por Hugh Bronstein
BUENOS AIRES (Reuters) - Os investidores em títulos argentinos esperavam nesta quarta-feira por notícias do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a sustentabilidade da dívida do país e se as reuniões oficiais em Buenos Aires resultariam em uma recomendação de uma forte reestruturação da dívida.
Os preços dos títulos acumulavam queda de 3,5% neste ano, à medida que aumenta a incerteza sobre a capacidade da Argentina de pagar 44 bilhões de dólares ao FMI, seu maior credor único, e dezenas de bilhões de dólares a mais para os detentores de títulos privados.
Os economistas do FMI devem encerrar seis dias de reuniões com autoridades do governo e do banco central, com um comunicado esperado ainda para esta quarta ou quinta-feira. As negociações foram convocadas pelo ministro da Economia, Martín Guzmán, o qual afirma que o governo precisa reestruturar cerca de 100 bilhões de dólares em obrigações.
A questão é quanto de sangue dos detentores de títulos será deixado no chão após a operação de reestruturação.
"Seria positivo para o mercado ver uma declaração do FMI de que a dívida da Argentina pode se tornar sustentável, adiando o pagamento de títulos principais e reduzindo os cupons de taxa de juros, e que o FMI apoiaria esse tipo de reestruturação", disse Fernando Marrul, chefe da consultoria FM and Associates.
"O pior cenário para os detentores de títulos seria o FMI emitir uma declaração que apoie um desconto profundo, ou um corte no principal devido aos detentores de títulos", acrescentou. "Até o momento, não temos muitas informações sobre as reuniões. Precisamos saber o que o FMI pensa sobre a sustentabilidade da dívida da Argentina."
Os preços da dívida local sofreram um impacto na semana passada, depois que o governo foi forçado a abandonar a venda de títulos devido ao baixo interesse dos investidores e, em seguida, surpreendeu os acionistas ao adiar unilateralmente o pagamento do principal de um título local por cerca de seis meses.
A moeda argentina, o peso, caiu 0,11% na abertura, à medida que os mercados aguardavam sinais do FMI.
O fundo concedeu à Argentina um financiamento de 57 bilhões de dólares em 2018, em acordo que incluía metas fiscais rígidas --como cortes de subsídios a serviços públicos-- que aprofundaram a recessão e esmagaram a popularidade do presidente anterior Mauricio Macri.
Economistas do setor privado esperam que a economia encolha 1,5% em 2020.
Embora Guzmán tenha caracterizado as conversas com o FMI como "construtivas", ele disse ao Congresso na semana passada que as políticas de austeridade previamente prescritas pelo fundo eram responsáveis pela crise da dívida argentina.
Guzmán disse na semana passada que a Argentina está em uma "profunda reestruturação da dívida" e alertou que as políticas futuras não serão ditadas pelos detentores de títulos que provavelmente considerarão as negociações "frustrantes".