RIO DE JANEIRO (Reuters) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta sexta-feira que o Brasil "poderia até" ingressar na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), mas ressaltou que a formação de preços "não faz parte do cardápio" do país e que o governo não está disposto a abrir mão de princípios democráticos.
Questionado pela imprensa se seria possível aderir à entidade sem participar de cartéis, Guedes afirmou que essa "é uma boa pergunta", sem elaborar.
"Se o Brasil é um dos maiores produtores de petróleo do mundo, pode ser que, se reunindo, faça sentido o Brasil estar lá (Opep)”, afirmou Guedes, após participar, no Rio de Janeiro, de cerimônia de assinatura de termo aditivo ao contrato de cessão onerosa entre a Petrobras (SA:PETR4) e a União.
"Participar da Opep como um fato de reunião de produtores é uma coisa, mas a orientação econômica (do governo brasileiro) é de remover cartéis, integrar a uma economia globalizada, permitir a prosperidade de todos os povos em vez da exploração através de cartéis."
Mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro disse que o país recebeu convite de um país do Oriente Médio para ingresso na Opep durante sua viagem à região nesta semana, mas que o governo ainda avalia a questão. [nE5N26H01E]
Guedes afirmou que o Brasil será o quinto produtor de petróleo do mundo e, nesse sentido, o convite da Opep "é quase inevitável". Mas, ao voltar ao tema, o ministro frisou que "muito importante são nossos princípios democráticos".
Um dia depois de o filho do presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Flávio Bolsonaro (PSL-SP), cogitar a volta do AI-5, instrumento autoritário que marcou o endurecimento da ditadura militar, caso as esquerdas radicalizem no país, o ministro defendeu em seu discurso o fortalecimento da democracia, das instituições e a economia de mercado.
Mais tarde, perguntado diretamente por jornalistas sobre a posição do deputado federal, Guedes declarou que o Brasil é uma democracia madura e suas instituições estão sendo fortalecidas.
"Estou absolutamente convencido da nossa maturidade política, os poderes são independentes. Existem os combates e não há como negar, STF, Ministério Público com uma demarcação de território absolutamente legítima”, declarou o ministro, sem citar o filho do presidente.
REFORMAS
Guedes disse ainda que, na próxima terça-feira, irá ao Congresso junto com o presidente Bolsonaro apresentar um pacote de reformas que incluirá o novo pacto federativo, o qual, segundo ele, viabilizará a "consolidação das finanças de uma República e a co-responsabilidade fiscal".
"Somos um país que tem a Lei de Responsabilidade Fiscal, mas ainda não tem a cultura e a governança que garantam fundamentos fiscais sólidos para uma república”, disse
(Por Rodrigo Viga Gaier)