Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) -O Brasil teve déficit em transações correntes de 1,699 bilhão de dólares em setembro, principalmente pela diminuição do superávit da balança comercial, apontou o Banco Central nesta sexta-feira.
Com isso, o rombo em transações correntes em 12 meses subiu a 1,30 do Produto Interno Bruto (PIB), de 1,22% em agosto.
O resultado veio ligeiramente pior que o déficit de 1,553 bilhão de dólares esperado por analistas em pesquisa Reuters. Os investimentos diretos no país (IDP) alcançaram 4,495 bilhões de dólares, também abaixo de expectativa no mercado de 5 bilhões de dólares.
Em setembro, o saldo da balança comercial ficou positivo em 2,461 bilhões de dólares, queda de 43,6% sobre igual mês do ano passado, com o aumento na ponta das importações (+58,2%) superando o observando nas exportações (+ 33,9%).
O desempenho acabou ofuscando a melhora vista no déficit da conta de serviços, que recuou a 1,357 bilhão de dólares de 1,747 bilhão de dólares em setembro de 2020, principalmente pela queda nas despesas líquidas de aluguel de equipamentos, diante da nacionalização de equipamentos no âmbito do Repetro.
Dentro dessa rubrica, os gastos líquidos com viagens internacionais subiram a 237 milhões de dólares, ante 138 milhões de dólares um ano antes, mas ainda permaneceram em patamares tímidos em meio à pandemia de Covid-19.
A conta de renda primária também melhorou, embora com menor ímpeto: o déficit passou a 3,073 bilhões de dólares, de 3,169 bilhões de dólares em setembro do ano passado.
No mês, a remessa de lucros e dividendos ficou praticamente estável em 1,961 bilhão de dólares frente a 1,915 bilhão de dólares no mesmo mês do ano passado.
Para outubro, o BC projetou um déficit em transações correntes de 4,2 bilhões de dólares e IDP de 4 bilhões de dólares. Até o dia 19 deste mês, o fluxo cambial ficou negativo em 1,209 bilhão de dólares, disse ainda o BC.
Em seu último Relatório Trimestral de Inflação, divulgado em setembro, o BC piorou sua visão para o déficit em transações correntes no ano a 21 bilhões de dólares, ante superávit de 3 bilhões de dólares projetado em junho, sob a influência de importações ligadas ao regime Repetro e pela compra de criptoativos pelos brasileiros.
No acumulado de janeiro a setembro, o rombo é de 8,082 bilhões de dólares, contra déficit de 13,303 bilhões de dólares de igual período de 2020.
(Por Marcela Ayres; Edição de José de Castro e Maria Pia Palermo)