Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - A balança comercial brasileira registrou superávit de 2,761 bilhões de dólares em maio, no terceiro mês consecutivo de saldo positivo e na melhor marca para o mês em três anos, de acordo com dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior nesta segunda-feira.
Mantendo a dinâmica vista nos dois meses anteriores, o saldo positivo em maio resultou de um declínio mais acentuado das importações que o sofrido pelas exportações, em meio à desaceleração da atividade econômica e à valorização do dólar.
Enquanto as exportações somaram 16,769 bilhões de dólares, queda de 15,2 por cento sobre um ano antes pela média diária das operações, as importações alcançaram 14,008 bilhões de dólares, recuo de 26,6 por cento. Em relação a abril, as exportações subiram 10,6 por cento e as importações caíram 4,5 por cento, também pela média diária.
O resultado veio melhor do que a expectativa de 15 analistas ouvidos pela Reuters, que esperavam segundo a mediana das projeções superávit de 2,4 bilhões de dólares em maio.
Segundo o diretor de Estatística e Apoio à Exportação do MDIC, Herlon Brandão, o menor nível de atividade econômica "certamente" gera redução da demanda por produtos importados.
"Não tem nenhum fator pontual ... que explica essa queda. É a situação econômica, cambial. São vários fatores que influenciaram no desempenho das importações", afirmou.
No primeiro trimestre, a economia brasileira encolheu 0,2 por cento ante os últimos três meses do ano passado com o consumo das famílias caindo 1,5 por cento na mesma base de comparação - maior recuo desde o último trimestre de 2008, período de crise global.
O dólar fechou maio com valorização acumulada de 5,8 por cento ante o real, marcando o oitavo mês dos últimos nove meses de avanço da moeda norte-americana.
ACUMULADO DO ANO
O resultado positivo de maio, o melhor para o mês desde 2012, ajudou a reduzir o déficit da balança acumulado no ano para 2,305 bilhões de dólares, menos da metade do saldo negativo de 4,860 bilhões de dólares de igual etapa do ano passado. Foi também o melhor desempenho para o período desde 2012, quando houve superávit de 6,257 bilhões de dólares.
Para Brandão, a tendência é que o déficit acumulado da balança comercial brasileira continue sendo reduzido em junho.
"Já ficar no azul tem que aguardar pra ver. Depende de vários fatores", afirmou.
Ele lembrou que o pico do embarque da soja provavelmente já se deu em maio, sendo que a contribuição positiva de volumes recordes exportados no mês acabou sendo contrabalançada por uma redução nos preços sobre um ano antes.
No consolidado do mês, as exportações seguiram afetadas pelo declínio de outras importantes commodities da pauta comercial brasileira. As exportações de produtos básicos sofreram retração de 20,8 por cento ante maio de 2014, com destaque para o declínio do minério de ferro (-62,3 por cento), petróleo em bruto (-15,9 por cento) e farelo de soja (-10,6 por cento).
Os embarques de manufaturados e de semimanufaturados no mês recuaram 8,6 por cento e 4,7 por cento na comparação anual, respectivamente.
Já as importações foram significativamente impactadas pela menor compra no exterior de combustíveis e lubrificantes (-44,3 por cento), matérias-primas e intermediários (-25,3 por cento), bens de capital (-24,3 por cento) e bens de consumo (-16,1 por cento).
De janeiro a maio, as exportações somaram 74,7 bilhões de dólares, recuo de 16,2 por cento ante igual etapa do ano passado pela média diária das operações.
As importações, por sua vez, atingiram 77,005 bilhões de dólares no país nos primeiros cinco meses do ano, queda 18,1 por cento, também pela média diária das operações.