BRASÍLIA (Reuters) - O setor público brasileiro registrou superávit primário de 36,712 bilhões de reais em janeiro, melhor resultado para o mês na série histórica do Banco Central iniciada em dezembro de 2001, beneficiado sobretudo pelos cortes de gastos do governo central, informou o BC nesta sexta-feira. Embora o resultado de janeiro seja tradicionalmente positivo, o dado veio muito acima da expectativa de saldo positivo em 11,60 bilhões de reais em pesquisa Reuters.
No mês, o governo central (governo federal, BC e Previdência) teve superávit primário de 26,293 bilhões de reais, acima dos 20,899 bilhões de reais em janeiro de 2016. O resultado de Estados e municípios também melhorou, indo a 10,804 bilhões de reais, sobre 7,976 bilhões de reais um ano antes. As empresas estatais tiveram déficit primário de 384 milhões de reais em janeiro.
Ao divulgar na véspera os dados do governo central, apurados sob outra metodologia, o Tesouro indicou que a performance positiva foi decorrente da queda nas despesas superior ao recuo observado nas receitas, com forte tesourada nos gastos discricionários.
Em meados do mês passado, o governo limitou, até março, em 3/18 as despesas discricionárias aprovadas na Lei Orçamentária Anual para 2017, iniciando o ano com aperto nas contas diante dos desafios fiscais que enfrenta com a economia em recessão. Com o dado de janeiro, o déficit primário do setor público em 12 meses foi a 2,33 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).
Para o ano, a meta do governo é de rombo primário de 143,1 bilhões de reais, composto por desempenho negativo de 139 bilhões de reais do governo central, de 3 bilhões de reais de estatais federais e de 1,1 bilhão de reais de Estados e municípios. Se confirmado, será o quarto déficit consecutivo nas contas públicas, refletindo o contínuo desarranjo fiscal brasileiro.
O resultado nominal --receitas menos despesas, incluindo pagamento de juros-- também ficou no azul no mês passado, em 299 milhões de reais, algo que não ocorria desde outubro do ano passado, quando houve forte ingresso de recursos nos cofres públicos com a chamada repatriação.
O BC informou ainda que a dívida líquida subiu a 46,4 por cento do PIB em janeiro, contra 46,0 por cento em dezembro. A dívida bruta avançou a 69,7 por cento, ante 69,6 por cento. Em ambos os casos, contudo, os resultados vieram melhores que as projeções de 46,5 e 69,9 por cento, respectivamente, no levantamento da Reuters.