WASHINGTON (Reuters) - A China não fez concessões aos Estados Unidos depois que o presidente Donald Trump adiou a imposição de tarifas sobre algumas importações chinesas até meados de dezembro, disseram autoridades norte-americanas nesta quarta-feira, acrescentando que reuniões visando o fim da guerra comercial entre os dois países continuam e que o mercado deve ser paciente.
O secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, em uma entrevista à CNBC, disse que "Isso não foi um quid pro quo", usando uma frase em latim que significa uma troca de favores.
Na terça-feira, o presidente dos EUA, Donald Trump, recuou de seu prazo para a imposição de tarifas de 10% sobre milhares de importações chinesas, incluindo produtos de tecnologia, roupas e calçados, estendendo o prazo de 1° de setembro para 15 de dezembro para alguns itens. Autoridades dos EUA e da China também anunciaram novas negociações comerciais.
Ambos os desdobramentos levaram ações a subir, o que gerou alívio temporário entre varejistas e grupos de tecnologia, no momento em que as duas maiores economias do mundo entram no segundo ano de sua guerra comercial.
O adiamento da tarifa promovido por Trump ocorre em meio a preocupações crescentes sobre a desaceleração da economia global. As bolsas de valores dos EUA caíam acentuadamente na quarta-feira, com a curva de juros dos Treasuries se invertendo pela primeira vez desde 2007, um possível sinal de recessão.
O consultor de comércio da Casa Branca, Peter Navarro, disse em entrevista à Fox Business Network que a decisão de adiar as tarifas adicionais foi feita para diminuir as dificuldades das empresas norte-americanas, que já tinham contratos para comprar produtos chineses para a temporada de festas e não teriam outro modo de evitar a transferência dos custos para os consumidores e o consequente aumento de preços. Trump disse na terça-feira que adiou as tarifas para proteger as vendas de Natal das tarifas.
A procura de concessões da China em troca da postergação das tarifas é a "maneira totalmente errada de olhar para a situação", disse Navarro. "Tudo o que estamos tentando fazer é causar dor a eles, não a nós", disse Navarro. "E então ... se simplesmente colocarmos as tarifas em 1º de setembro, isso seria mais uma dor para nós, em vez de dor para eles. Isso é bobagem.", completou.
Navarro se recusou a dizer o que os negociadores norte-americanos buscarão nas conversas com as autoridades chinesas antes de as tarifas entrarem em vigor. Outro telefonema está agendado entre os dois lados no final deste mês.
Ross disse na CNBC que ainda é muito cedo para avaliar a condição das negociações comerciais entre EUA e China, acrescentando que ainda não foi marcada uma data para mais uma rodada de discussões presenciais.
(Por Susan Heavey)
((Tradução Redação São Paulo, 55 11 56447745))
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