Arantxa Iñiguez.
Frankfurt (Alemanha), 8 mar (EFE).- Os bancos centrais do Grupo
dos Dez (G10, os países mais industrializados do mundo) consideram
que o crescimento econômico global é resistente e que a retirada das
medidas extraordinárias para enfrentar a crise não significa um
aumento nas taxas de juros.
O presidente do Banco Central Europeu (BCE) e porta-voz do G10,
Jean-Claude Trichet, disse hoje que um grande número de bancos
centrais retira as medidas não convencionais com a melhora dos
mercados financeiros.
Após uma reunião na cidade de Basiléia, na Suíça, entre os
presidentes de bancos centrais dos países do G10, Trichet reiterou
que é importante que a suspensão das medidas extraordinárias, como a
injeção de liquidez ilimitada, aconteça sem uma interpretação errada
nos mercados em termos de mudanças de política monetária.
Para ele, os desequilíbrios globais estão diminuindo tanto nos
países que tinham déficit como nos que havia superávit comercial.
No entanto, Trichet assinalou que ainda se desconhece se esta
significativa redução dos desequilíbrios globais tem caráter
conjuntural associado à crise financeira e econômica ou se é de tipo
mais estrutural e permanente.
Recebidos pelo Banco para Pagamentos Internacionais (BIS), que
tem sede em Basiléia, os bancos centrais do G10 e de algumas
economias emergentes se reúnem de forma bimestral para analisar a
economia global.
Trichet explicou que a maior parte das entidades monetárias
mantém as medidas de emergência para apoiar o sistema financeiro.
Desde o início da crise financeira, em agosto de 2007, os bancos
centrais introduziram liquidez extraordinária nos diferentes
mercados para evitar uma escassez da mesma.
Por sua vez, as entidades monetárias rebaixaram as taxas de juros
de forma radical, a fim de impulsionar o crescimento econômico.
O presidente do BCE reiterou que é importante que os Governos
consolidem políticas fiscais para conseguir uma recuperação
econômica sustentável nos países industrializados e em nível global.
Ele destacou ainda a contribuição das economias emergentes ao
crescimento global.
À recuperação do crescimento global contribuem atualmente a
reconstrução dos estoques das empresas e a reativação do comércio
mundial, nas palavras do próprio Trichet.
Os presidentes de bancos centrais do G10 não discutiram a
necessidade ou conveniência de criar uma instituição similar ao
Fundo Monetário Internacional (FMI) para a zona do euro, como
apontou hoje o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble.
O ministro das Finanças alemão assegurou que o Governo trabalha
atualmente na criação de um fundo monetário para a zona do euro e
divulgará em breve propostas que estão muito avançadas, mas que
antes quer sintonizar com a França para poder colocá-las em prática
em nível europeu.
Em relação aos seguros de falta de pagamento de crédito (Credit
Default Swaps), que serviram para especular contra a solvência de
países como a Grécia, o presidente do BCE assegurou que houve acordo
em que seria bom que existissem entidades de contrapartida.
Segundo ele, isso seria uma forma de permitir "aos mercados um
funcionamento de forma segura e de forma mais estável".
Os membros do G10, que na realidade é integrado por 11 países e
concentra 85% da economia mundial, são Alemanha, Bélgica, Canadá,
Estados Unidos, França, Itália, Japão, Holanda, Reino Unido, Suécia
e Suíça. EFE