SÃO PAULO (Reuters) - A confiança da construção no Brasil registrou forte queda em maio, interrompendo sequência de duas altas e retornando ao nível de oito meses atrás, pressionada pelo recuo das expectativas e piora da avaliação sobre a situação atual, segundo dados divulgados nesta sexta-feira pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
O Índice de Confiança da Construção (ICST) do Brasil recuou 2,5 pontos, para 74 pontos, depois de ter alcançado no mês anterior o nível mais alto desde abril de 2015.
"A queda do ICST reflete a situação de fragilidade do cenário para o setor da construção. A avaliação dominante entre as empresas é que o quadro está melhor do que no ano passado, mas ainda não mostra dinamismo para uma possível recuperação", disse a coordenadora de projetos da construção da FGV/IBRE, Ana Maria Castelo, em nota.
O Índice de Expectativas (IE-CST) caiu 3,0 pontos, para 84,6 pontos, com destaque para o recuo do indicador que mede o otimismo com a situação dos negócios nos seis meses seguintes, cuja queda foi de 3,8 pontos, a 85,6 pontos, menor nível desde janeiro deste ano.
O Índice da Situação Atual (ISA-CST) caiu 2,0 pontos, indo a 63,7 pontos e devolvendo a alta de 2,9 pontos do mês anterior, com destaque para o indicador que mede a situação dos negócios corrente.
Ana Maria ressalta que a pesquisa ainda não reflete a incerteza política que ronda o presidente Michel Temer, mas aponta que a crise política pode prejudicar ainda mais o setor.
"A percepção em relação à situação corrente vem oscilando em patamares muito baixos, levando a uma calibragem para baixo de expectativas. A pesquisa ainda não captou o aumento de incerteza no ambiente político, que pode postergar ainda mais a retomada dos investimentos."
Segundo a FGV, o fato de a atividade manter-se em nível muito baixo e as expectativas de melhora se revertem faz com que as empresas do setor continuem com tendência de desmobilização da mão de obra.
A FGV informou ainda, em uma segunda nota, que o Índice Nacional de Custos da Construção (INCC-M) registrou alta de 0,13 por cento em maio, após recuar 0,08 por cento em abril. O movimento foi influenciado pela alta de 0,27 por cento do índice Mão de Obra, ante estabilidade no mês anterior.
(Por Thaís Freitas)