Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil registrou déficit em transações correntes de 2,479 bilhões de dólares em junho, pior que o esperado e voltando ao terreno negativo após dois meses consecutivos no azul, afetado pelo desempenho da balança comercial. Em pesquisa Reuters, a expectativa era de rombo de 1,5 bilhão de dólares no mês. O próprio Banco Central estimava que o déficit seria de 1 bilhão de dólares em junho. [nE6N18T01E]
Segundo informou o BC nesta terça-feira, embora superavitário, o saldo comercial positivo em 3,755 bilhões de dólares em junho veio inferior ao superávit de 4,325 bilhões de dólares do mesmo mês do ano passado.
"A balança comercial em junho não repetiu os bons resultados de meses anteriores, foi o primeiro resultado no ano em que o saldo situou-se abaixo de igual período de ano anterior", afirmou o chefe de Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel. Ainda assim, o rombo na conta corrente no mês passado foi o mais modesto para junho desde 2009, quando havia ficado negativo em 605,6 milhões de dólares.
Em junho, ainda segundo o BC, houve queda de 44,4 por cento das remessas de lucros e dividendos sobre um ano antes, a 1,396 bilhão de dólares, movimento influenciado pela fraqueza na atividade.
Ao mesmo tempo, as despesas líquidas com viagens internacionais tiveram queda de 19,4 por cento na mesma base, a 970 milhões de dólares.
Nas contas do BC, a Olimpíada devem render cerca de 200 milhões de dólares com gastos de estrangeiros no país, valor que deve ter seu impacto diluído entre os meses de julho, agosto e setembro, segundo Maciel. A Rio 2016 ocorre entre os dias 5 e 21 de agosto.Em junho, os Investimentos Diretos no País (IDP) somaram 3,917 bilhões de dólares no mês, em linha com projeção de analistas consultados pela Reuters de 4 bilhões de dólares. No acumulado do primeiro semestre, o rombo em conta corrente somou 8,444 bilhões de dólares, bem abaixo do saldo negativo de 37,888 bilhões de dólares de igual período de 2015. A expectativa do BC para o ano é de déficit de 15 bilhões de dólares que, se confirmado, será o melhor resultado desde 2007, quando houve superávit de 408 milhões de dólares. Quanto menor o déficit em transações correntes, menor é a necessidade de financiamento externo da economia. A balança comercial tem tido papel determinante nessa melhora porque, em meio à recessão econômica, as importações têm caído em ritmo acentuado, ao passo que o recuo nas exportações tem sido muito mais suave.