Por Lucia Mutikani
WASHINGTON (Reuters) - Os empregadores dos Estados Unidos contrataram muito menos trabalhadores do que o esperado em abril, provavelmente frustrados com a escassez de mão de obra, ficando agora em dificuldades para atender à alta da demanda em meio à melhora da saúde pública e à forte ajuda financeira do governo.
A economia dos EUA criou apenas 266 mil vagas de trabalho no mês passado depois de abrir 770 mil em março, disse o Departamento de Trabalho em seu relatório de emprego nesta sexta-feira.
Economistas consultados pela Reuters previam abertura de 978 mil postos de trabalho.
O relatório de emprego, o primeiro desde o pacote de resgate da Casa Branca de 1,9 trilhão de dólares ter sido aprovado em março, provavelmente fará pouco para mudar as expectativas de que a economia entrou no segundo trimestre com ímpeto e caminha para seu melhor desempenho em quase quatro décadas este ano.
Doze meses atrás, a economia norte-americana eliminou um recorde de 20,679 milhões de empregos ao enfrentar o fechamento obrigatório de empresas não essenciais para desacelerar a primeira onda de infecções por coronavírus.
Norte-americanos com mais de 16 anos já estão elegíveis para se vacinar contra a Covid-19, o que levou estados como Nova York, Nova Jersey e Connecticut a suspender a maioria de suas restrições de capacidade dentro das empresas.
Mas a explosão resultante na demanda, que contribuiu para o ritmo de crescimento anualizado de 6,4% da economia no primeiro trimestre, o segundo mais rápido desde o terceiro trimestre de 2003, provocou escassez de mão de obra e matérias-primas.
Das indústrias aos restaurantes, empregadores estão lutando para conseguir trabalhadores. Uma série de fatores, incluindo pais que ainda estão em casa cuidando dos filhos, aposentadorias relacionadas ao coronavírus e cheques generosos de auxílio-desemprego, são responsáveis pela escassez de mão de obra. O ritmo moderado de contratação pode durar pelo menos até setembro, quando os benefícios de auxílio-desemprego acabarem.
O mercado de trabalho continua sustentado por uma política fiscal e monetária muito acomodatícia. O presidente norte-americano, Joe Biden, planeja investir mais 4 trilhões de dólares em educação e creches, famílias de baixa e média rendas, infraestrutura e empregos. O Federal Reserve sinalizou que pretende deixar sua taxa básica de juros próxima de zero e continuar a injetar dinheiro na economia por meio da compra de títulos por algum tempo.
A taxa de desemprego subiu a 6,1% em abril de 6,0% em março. A taxa tem sido subestimada por pessoas que classificam a si mesmas de forma errada como "empregadas mas ausentes do trabalho". Milhões de norte-americanos continuam fora do trabalho e muitos perderam seus empregos de forma permanente por causa da pandemia.