Por Howard Schneider
WASHINGTON (Reuters) - O ganho de 850 mil empregos da economia dos Estados Unidos em junho foi outro passo sólido em direção às condições que o Federal Reserve estabeleceu para mudar sua política monetária, mas outros dados do relatório de emprego norte-americano desta sexta-feira podem complicar o debate do banco central sobre o que fazer daqui para frente, e quando.
As empresas abriram cerca de 3,3 milhões de empregos desde que o Fed anunciou em dezembro que não reduzirá seu apoio à economia até que haja "progresso substancial" no caminho do mercado de trabalho até seu patamar pré-pandemia.
Isso é cerca de um terço dos 10 milhões de empregos que ainda estavam perdidos em dezembro, com a economia dos EUA agora com cerca de 6,7 milhões de vagas a menos do que os níveis fevereiro de 2020. O ímpeto do forte crescimento econômico e um número recorde de abertura de vagas de emprego sugere que mais está por vir nos próximos meses.
O ganho de empregos no mês passado "os mantém no caminho certo de cumprir os critérios nos próximos meses", com um possível anúncio de mudança de política monetária no início de setembro, disse Karim Basta, economista-chefe da III Capital Management.
Além do número principal, no entanto, o relatório mensal de emprego do Departamento do Trabalho pode intensificar o debate do banco central sobre onde está a recuperação econômica.
As autoridades estão prestando muita atenção à parcela geral da população que está trabalhando, conhecida como proporção emprego/população.
Muitas dessas medidas suplementares estagnaram.
NÃO 'TOTALMENTE CONVENCIDOS'
O número de mulheres trabalhando caiu cerca de 130 mil de maio a junho, para cerca de 71,4 milhões, e a proporção de mulheres adultas que trabalham ou procuram trabalho, conhecida como taxa de participação na força de trabalho, manteve-se em 56,2%.
A relação emprego/população manteve-se inalterada em 58% em junho, ficando mais de 3 pontos percentuais abaixo de seu valor pré-pandemia.
O lento progresso nessas e outras métricas já dividiu o Fed entre autoridades que acham que a economia precisa de mais tempo para as famílias voltarem ao normal e retornarem ao trabalho e outras que acham que a pandemia pode ter levado algumas pessoas a se aposentar ou deixar o mercado de trabalho definitivamente.
Determinar qual opção é verdade, por sua vez, diria o quão próximo o Fed está de sua meta de "emprego máximo" e qual será o momento de uma mudança de política monetária futura.
"Não estamos totalmente convencidos de que este é o início de uma tendência muito mais forte", escreveu Andrew Hunter, economista sênior para os EUA da Capital Economics.