PEQUIM, (Reuters) - O crescimento da China deve desacelerar mais nos próximos meses, com uma série de dados econômicos de agosto fazendo pouco para dissipar a visão de que a demanda doméstica está enfraquecendo e que as medidas de suporte do governo levarão algum tempo para fazer efeito.
Embora as leituras de produção industrial e vendas no varejo divulgadas nesta sexta-feira tenham sido melhores do que o esperado, a maioria de outros indicadores divulgados ao longo da última semana foram mais pessimistas, com uma importante medida de investimento caindo para nova mínima e o crescimento do crédito atingindo o ritmo mais lento já registrado.
"Acreditamos que a economia geral da China continua a desacelerar, e isso pode piorar nos próximos meses", disseram economistas do Nomura em nota.
Dois destaques em agosto foram a produção industrial e as vendas no varejo, que aceleraram mais do que o esperado.
A maioria dos economistas, entretanto, acredita que os ganhos não devem se sustentar, com expectativa de que as condições empresariais piorem.
A produção industrial aumentou 6,1 por cento em relação ao ano anterior, informou a Agência Nacional de Estatístsicas, um pouco melhor do que julho.
As vendas no varejo avançaram 9,0 por cento, impulsionadas por bijuterias e eletrodomésticos. Analistas esperavam alta de 8,8 por cento, inalterado ante julho e próximo da mínima de 15 anos.
As exportações industriais parecem sólidas, mas analistas acreditam que as empresas têm corrida para embarcar os produtos devido às tarifas dos Estados Unidos.
A produção de bens importantes como veículos motorizados e equipamentos de transportes continuaram a cair. O crescimento de produtos de alta tecnologia como semicondutores e robôs industriais também desacelerou com força.
As vendas de automóveis, que respondem por um décimo das vendas no varejo, caíram 3,2 por cento sobre o ano anterior, uma vez que os consumidores chineses se tornaram mais cautelosos.
Dados de investimentos, importante indicador de atividade futura, também indicaram mais perda de força econômica.
O crescimento do investimento em ativo fixo desacelerou a 5,3 por cento entre janeiro e agosto, pressionado novamente pelo enfraquecimento em infraestrutura. Analistas consultados pela Reuters esperavam 5,5 por cento, o mesmo que a mínima histórica anterior atingida no mês passado.
(Reportagem de Kevin Yao e Stella Qiu)