Por Hugh Bronstein
SAN MARTIN, Argentina (Reuters) - Quando Martín Guzmán fazia um PhD em economia na Brown University dos Estados Unidos, ele e dois amigos argentinos formavam parte do time de futebol de seu departamento e chegaram à final do torneio.
Perdendo de 1 x 0, o atual ministro da Economia da Argentina fez um gol de empate, mas se machucou, disse seu ex-colega de time, Martín Fiszbein, à Reuters.
"Ele disse 'meu pé está me matando'. Eu lhe disse para conseguir um reserva. Ele me olhou e disse: 'De jeito nenhum'", contou Fiszbein. Guzmán fez um segundo gol que garantiu uma vitória de 2 x 1 e depois foi para o hospital, onde soube que tinha uma fratura dupla que exigiria uma cirurgia.
Hoje com 38 anos, Guzmán mantém o mesmo foco para seu novo desafio: administrar a terceira maior economia da América Latina.
No cargo há um ano, ele tem a reputação de ser um tecnocrata inabalável e progressista – embora também seja acusado de intervencionismo às vezes – enquanto lida com uma reestruturação de dívida e uma recessão prolongada exacerbada pela Covid-19.
Embora não faça mais gols, na maioria dos dias ele levanta de madrugada para uma corrida no parque, e acaba jantando no ministério na maioria das noites da semana. "O dia nunca termina de verdade", disse ele à Reuters.
Enfrentando uma contração econômica que começou em 2018 e aumento da pobreza, Guzmán está tentando engendrar uma recuperação que espera começar na primeira metade de 2021.
Na quinta-feira, depois de realizar uma videoconferência com o empresário Paolo Rocca, um dos homens mais ricos da Argentina, Guzmán visitou a fábrica têxtil "Azul ) e Amarelo", no polo industrial de San Martín, nos arredores da capital, para se encontrar com cerca de uma dúzia de chefes de pequenas e médias empresas.
Alguns deles podem ter apoiado o ex-presidente de centro-direita, Mauricio Macri, e não votado no chefe de Guzmán, Alberto Fernández, do movimento peronista que conquistou a Presidência em 2019, uma guinada para a esquerda.
O ministro e os líderes empresariais trataram de temas espinhosos, como a taxa de câmbio, impostos, os custo altos da força de trabalho e a reestruturação do fundo soberano que Guzmán negociou no ano passado – tudo de olho em 2021, quando ele espera uma expansão econômica de 5% na esteira da contração de quase 11% prevista por analistas particulares para este ano.
(Reportagem adicional de Eliana Raszewski)