Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A taxa de desemprego do Brasil saltou a 12,6 por cento no trimestre encerrado em janeiro devido ao aumento da procura diante do cenário de recessão, com o país iniciando o ano com quase 13 milhões de pessoas sem uma colocação.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgada nesta sexta-feira mostrou que a taxa avançou pela terceira vez seguida depois de ter ficado em 12 por cento no quarto trimestre, chegando mais uma vez ao maior nível da série histórica iniciada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O número mostra os efeitos da retração econômica vivida pelo país que afeta a renda do trabalhador, principalmente quanto se compara com a taxa de 9,5 por cento de desemprego no mesmo período de 2016, sinal de que o mercado de trabalho ainda deve demorar para se recuperar
Em pesquisa da Reuters, a expectativa era de que a taxa ficaria em 12,4 por cento, na mediana das projeções.
"As pessoas estão indo procurar trabalho por uma questão clara de necessidade. É um questão de sobrevivência. Por isso a procura não para de crescer", explicou o coordenador da pesquisa no IBGE Cimar Azeredo.
BUSCA POR POSIÇÃO
Em janeiro, eram 12,921 milhões de trabalhadores desempregados no Brasil, salto de 34,3 por cento sobre o mesmo período do ano passado, ou 3,3 milhões de pessoas a mais sem uma colocação. Nos três meses até dezembro, eram 12,342 milhões de desempregados.
O levantamento mostrou ainda aumento de 1,5 por cento no número de pessoas na força de trabalho, ou seja, aquelas que estão disponíveis para trabalhar, o que representa 1,554 milhão de trabalhadores a mais buscando uma posição.
Já a população ocupada no trimestre até janeiro teve queda de 1,9 por cento sobre o mesmo período de 2016, ou 1,748 milhão de pessoas a menos, atingindo 89,854 milhões.
O setor que mais dispensou funcionários no trimestre até janeiro sobre o ano anterior foi o da indústria, com 897 mil pessoas.
"A situação do mercado é retrato do cenário econômico. Sem crescimento engorda-se a fila do desemprego e há redução da formalidade, que é um passaporte para o crédito e para o consumo", completou Azeredo. "Para sobreviverem, as empresas precisam cortar custos e aumentar a informalidade."
O IBGE informou ainda que a renda média do trabalhador teve ligeiro avanço no período, subindo 0,4 por cento sobre o ano anterior, para 2.056 reais.
As perspectivas de melhor crescimento econômico do Brasil vêm ganhando corpo neste início de 2017, ainda que o mercado de trabalho seja um dos últimos a responder.