SANTIAGO (Reuters) - A economia da América Latina e do Caribe vai contrair 0,8 por cento neste ano, pressionada pelo cenário complexo que o Brasil enfrenta e pelas retrações maiores que as previstas na Argentina e na Venezuela, disse nesta terça-feira à Reuters a secretária-executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), Alicia Bárcena.
Segundo a secretária-executiva, a nova retração que se prevê na região, após a queda de 0,5 por cento no ano passado, está marcada por uma situação adversa no comércio exterior e investimentos fracos.
"O momento econômico que a região vive é um choque de termos de comércio, onde os preços das matérias-primas continuam caindo", disse Alicia em uma entrevista à Reuters.
"Com essas cifras e números, o que se pode determinar é que o financiamento será mais caro, mas a região continuará sendo acessível", acrescentou.
A secretária-executiva do órgão multilateral sediado em Santiago, no Chile, disse que a desaceleração da região é heterogênea e que a América do Sul é o bloco mais afetado, com uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) estimada em 2,1 por cento neste ano.
"Os que jogam as perspectivas para baixo são a Argentina, o Brasil, o Equador e a Venezuela", disse.
No caso do Brasil, a maior economia da região, a Cepal manteve sua projeção de uma contração econômica de 3,5 por cento neste ano, devido à ausência de sinais de recuperação de seus principais motores de crescimento.
Alicia destacou que a manutenção de uma taxa de juros elevada e uma queda do dólar sobre o real são dois elementos que estão contendo a expansão do crédito e as exportações brasileiras.
Para a Argentina, a expectativa é de uma retração de 1,5 por cento, ante projeção anterior de retração de 0,8 por cento. A Cepal prevê ainda que a economia da Venezuela vai encolher 8 por cento este ano.
(Por Antonio De la Jara)