Por Leika Kihara e Tetsushi Kajimoto
TÓQUIO (Reuters) - O Japão entrou em sua quarta recessão técnica em cinco anos no terceiro trimestre, destacando como as políticas do governo conhecidas como "Abenomics" têm encontrado dificuldades para tirar a economia da estagnação crônica.
Dados oficiais divulgados nesta segunda-feira mostraram que a terceira maior economia do mundo encolheu a uma taxa anual de 0,8 por cento de julho a setembro após contrair 0,7 por cento no trimestre anterior, colocando-a definitivamente em recessão --dois trimestres consecutivos de contração.
Os dados revelam a necessidade, segundo analistas, de uma reforma estrutural voltada a romper as dificuldades do lado da oferta, incluindo a escassez de trabalho em uma sociedade que envelhece rapidamente e que sofreu com uma deflação crônica por mais de 15 anos.
"Os dois primeiros pilares do 'Abenomics', de estímulos monetários e fiscais, tinham o objetivo de ganhar tempo, mas o Japão falhou em progredir com reformas dolorosas necessárias para impulsionar seu potencial de crescimento", disse o economista sênior do BNP Paribas (PA:BNPP) Securities Hiroshi Shiraishi.
"Sem reformas (o terceiro pilar), o potencial de crescimento da economia permanece baixo, deixando-a vulnerável a choques e a recessões mais frequentemente."
O ministro da Economia, Akira Amari, citou em entrevista à imprensa após a divulgação dos dados uma escassez de trabalho disponível para projetos de obras públicas para estimular a economia, destacando uma restrição maior encarada pelas autoridades, uma vez que não há trabalhadores capacitados o suficiente para construir o crescimento.
Amari assentiu quando perguntado se "não via necessidade" de elaborar um orçamento extra para estimular a demanda imediatamente, apesar do secretário do tesouro norte-americano, Jack Lew, ter proposto que o Japão deveria fornecer mais suporte fiscal para garantir o retorno ao crescimento, liderado pela demanda doméstica.
Amari pediu às empresas japonesas que usem suas reservas recordes de dinheiro para elevar os salários e impulsionar os gastos de capital para gerar um ciclo virtuoso de crescimento liderado pelo setor privado, ao invés de simplesmente exigirem mais estímulos quando tal crescimento continua elusivo.
(Reportagem adicional de Stanley White e Chang-Ran Kim)
((Tradução Redação São Paulo, 55 11 5644 7729)) REUTERS EN CMO