Por Ann Saphir
(Reuters) - A economia dos Estados Unidos corre risco de enfrentar uma recuperação mais longa e lenta, se não outra recessão total, caso o Congresso não aprove um pacote fiscal para apoiar os norte-americanos desempregados e governos estaduais e locais, disse nesta terça-feira o presidente do Federal Reserve de Chicago, Charles Evans.
"O apoio fiscal é fundamental", disse Evans em uma reunião virtual do Official Monetary and Financial Institutions Forum, com sede em Londres. Sua própria previsão de que a taxa de desemprego dos EUA caia para 5,5% até o final do próximo ano assume não apenas uma vacina para o coronavírus, mas também um pacote fiscal dos EUA de pelo menos 500 bilhões de dólares ou 1 trilhão de dólares, disse ele.
"Caso contrário, acho que a dinâmica da recessão realmente vai entrar em ação de uma forma muito maior", afirmou.
Cerca de 30 milhões de norte-americanos estão recorrendo a algum tipo de seguro-desemprego.
Em uma tentativa de fornecer sua própria medida de suporte para a economia ainda em dificuldades, o Fed prometeu na semana passada mirar uma inflação moderadamente acima de 2% por um determinado período, de modo que a média seja de 2% ao longo do tempo. Para fazer isso, o banco central dos EUA disse que deixaria a taxa de juros em seu nível atual próximo a zero até atingir esse "overshoot".
Os investidores, desapontados por entenderem que o Fed não reforçou sua nova promessa de compras adicionais de títulos, derrubaram os preços das ações após o anúncio.
Embora não tenha nesta terça-feira descartado mais flexibilização quantitativa, Evans deixou claro que não achava isso iminente.
"O julgamento tem de ser o que estamos procurando em termos de reduções adicionais nos prêmios a termo ou efeitos de equilíbrio do portfólio se formos nos envolver em mais compras de ativos", disse ele. "Tenho a mente aberta; teremos discussões sobre isso."
O Fed já está comprando 120 bilhões de dólares em títulos do Tesouro e títulos lastreados em hipotecas a cada mês, o rendimento do Treasury de dez anos ainda está muito baixo, e o recém-adotado "forward guidance" (orientação futura) é muito agressivo, disse Evans.
As maiores incertezas no momento, afirmou, incluem política fiscal, controle do vírus e se a demanda agregada vai superar os obstáculos e se a economia conseguirá prosperar.
Evans também disse que o Fed ainda precisa discutir sua nova meta de inflação média, incluindo quando "iniciaria o cronômetro" em qualquer período para a inflação média. Mas, como muitos de seus colegas, ele enfatizou que não haveria fórmula.