Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - Especialistas consultados na pesquisa Focus do Banco Central passaram a ver deflação em junho, que se confirmada será a primeira em 11 anos, em um ambiente de queda das perspectivas de crescimento e de inflação na economia brasileira.
O levantamento, divulgado nesta segunda-feira, mostrou ainda que o grupo que mais acerta as previsões elevou sua visão para a taxa básica de juros este ano.
A expectativa para os preços neste mês agora é de queda de 0,07 por cento, contra estabilidade na semana anterior. Se confirmada, será a primeira deflação mensal desde junho de 2006, quando houve queda de 0,21 por cento, segundo dados do IBGE.
Esse resultado confirma a consolidação da desinflação vista pelo BC, em meio ao cenário de economia fraca e incertezas políticas. No entanto, o presidente da autoridade monetária, Ilan Goldfajn, já afirmou que o provável resultado favorável da inflação em junho deverá representar oscilações pontuais devido ao reajuste dos preços administrados. Ele destacou que isso "não têm implicação relevante para a condução da política monetária".
Para a inflação no fim deste ano, os economistas consultados passaram a ver alta de 3,64 por cento do IPCA, contra estimativa anterior de 3,71 por cento. Para 2018, a projeção agora é de 4,33 por cento, de 4,37 por cento antes. Em ambos os casos, os indicadores se distanciaram ainda mais do centro da meta oficial de inflação, de 4,5 por cento, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
As contas para a economia também pioraram, com a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano caindo em 0,01 ponto percentual, a 0,40 por cento. Para 2018, a piora foi ainda mais forte, e a estimativa para o crescimento do PIB passou a 2,20 por cento, sobre 2,30 por cento antes.
O cenário para a política monetária, por sua vez, não sofreu alterações, com a perspectiva de corte de 0,75 ponto percentual da Selic, atualmente em 10,25 por cento, na reunião de julho do BC. Permaneceram também as projeções de que a taxa básica de juros terminará este ano e o próximo a 8,5 por cento.
Por sua vez, o Top-5, que reúne aqueles que mais acertam as projeções, elevou a perspectiva para a Selic este ano a 8,50 por cento, sobre 8,38 por cento na mediana das projeções da semana anterior. Para o ano que vem, permaneceu a expectativa de que a taxa básica de juros termine a 8 por cento.