Por Miguel Lo Bianco
BUENOS AIRES (Reuters) - Anahí Robledo alimenta 50 famílias todos os dias na cozinha comunitária que administra em um bairro pobre da periferia de Buenos Aires, lutando contra a inflação crônica que jogou quatro em cada dez pessoas no país na pobreza.
A Argentina enfrenta uma crise econômica que pode levar a uma inflação de cerca de 150% até o final do ano, uma das mais altas do mundo.
Robledo disse que o refeitório onde ela trabalha não consegue acompanhar: se antes atendia 10 ou 15 famílias, passou a alimentar cerca de 50 hoje.
"Não dá para contar os pratos que temos que fazer para essa quantidade de gente", disse Robledo, empregada doméstica de 47 anos que trabalha como voluntária, enquanto amassava o pão.
"Fico triste porque nada mudou e tudo continua a piorar. Gostaria que cada família tivesse um prato de comida na mesa para comer com os filhos e não ter de vir a um refeitório", disse.
A Argentina há muito luta contra inflação alta, fraqueza da moeda e endividamento, mas os altos preços globais ligados à guerra na Ucrânia e uma das piores secas do país afetaram sua capacidade de estabilizar a economia.
A agência oficial de estatísticas da Argentina deve divulgar os dados oficiais da inflação de maio ainda nesta quarta-feira, com analistas prevendo um aumento mensal de 8,8%, ainda mais rápido do que o salto de 8,4% do mês anterior. A taxa anual já é de 109%.
(Reportagem de Miguel Lo Bianco)