O Banco Central elevou a Selic de 10,75% ao ano para 11,25% nesta 4ª feira (6.nov.2024). A alta da taxa básica de juros era esperada pelo mercado financeiro, mas o aumento irritou algumas entidades.
É a 2ª vez que a autoridade aumenta o indicador em 2024 –com a diferença de que houve uma aceleração em relação ao patamar de incremento. O Copom (Comitê de Política Monetária) havia elevado os juros-base em 0,25 ponto percentual na reunião de setembro.
Leia abaixo o que falou cada entidade:
- CNI (Confederação Nacional da Indústria) – disse que o aumento na Selic foi “equivocado” e “extremamente conservador”. Afirmou que o nível em que a taxa de juros estava antes da reunião “já era mais que suficiente para manter a inflação sob controle”. Declarou, ainda, que a alta atrapalha o equilíbrio das contas públicas;
- Sebrae – Décio Lima, presidente da entidade, escreveu em seu perfil no Instagram que o Banco Central “prejudica os pequenos negócios” com a alta nos juros e que o Copom vai na contramão da economia brasileira;
- Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) – afirmou que o “aumento da taxa básica de juros é excessivo diante do atual cenário inflacionário” e inviabiliza “uma recuperação sustentável da indústria”. Reiterou, ainda, a importância de uma política fiscal sustentável para que uma redução da Selic seja viável;
- The Hill Capital – Marcelo Bolzan, estrategista de investimentos e sócio da empresa, disse que o mercado “vê com bons olhos” a decisão do BC. Avaliou que o tom da ata foi “bem neutro” e semelhante a anterior. Disse ainda que o cenário atual é desafiador principalmente por causa da “inflação dos últimos 12 meses, que já roda acima do teto da meta” e “as dúvidas sobre a questão fiscal e corte de gastos do governo”;
- Entrepay – Márcio Saito, diretor financeiro da companhia, afirmou que o aumento “é compatível com os esforços de controle inflacionário” e que a medida “torna os investimentos em renda fixa no Brasil mais atraentes para o capital estrangeiro”. Disse, porém, que a alta trará implicações no mercado interno e que seus efeitos “precisam ser acompanhados de perto”.
ALTA NA SELIC
A decisão de elevar a taxa veio alinhada com as expectativas do mercado. O Banco Central já havia sinalizado uma nova alta da taxa, mas não disse qual seria o patamar.
O motivo para o movimento do Copom é o controle da inflação. As perspectivas a longo prazo para os índices de preço pioraram no decorrer de 2024. A ferramenta disponível para frear o indicador é aumentar os juros, pelo modelo de política monetária ortodoxa seguido pelo Brasil.
As taxas mais elevadas encarecem o crédito, o que desacelera o consumo e a produção. Como consequência, os preços tendem a não aumentar de forma tão rápida.
No comunicado liberado depois do encontro, os diretores não sinalizaram qual seria o novo patamar de altas da Selic na reunião de dezembro. O texto diz que “o ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo de aperto monetário serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”.
A função do Banco Central é colocar a inflação anual do Brasil no centro da meta, que é de 3%. Há um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual –o indicador pode ir até 4,5%.
Os agentes do mercado financeiro projetam que a inflação deve terminar 2024 em 4,59% –acima do objetivo estabelecido. Os dados foram publicados no Boletim Focus de 2ª feira (4.nov).