SÃO PAULO (Reuters) - Após o Banco Central reforçar que ainda existem riscos para a inflação, sobretudo no campo fiscal, e não há espaço para corte nos juros, economistas de instituições financeiras passaram a ver que o ciclo de afrouxamento monetário será menos intenso este ano.
Pesquisa Focus do BC, que ouve semanalmente uma centena de especialistas, mostrou nesta segunda-feira que a Selic encerrará 2016 a 13,50 por cento, sobre os 13,25 por cento esperados no levantamento anterior, na primeira queda em quatro semanas. Para o fim de 2017, a projeção para a Selic permaneceu em 11 por cento.
Segundo o levantamento, pelas expectativas o BC começaria ainda em outubro a reduzir a taxa básica de juros, mas com corte menor, de 0,25 ponto percentual, e não mais de 0,5 ponto.
Na semana passada, o BC afastou na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) a possibilidade de corte na taxa básica de juros, em 14,25 por cento ao ano há um ano, no curto prazo. No documento, também estimou a inflação pelo IPCA em torno de 6,75 por cento para 2016.
Diante de uma política monetária menos expansionista, o Focus mostrou que as expectativas para a alta do IPCA em 2017 recuou pela quinta semana seguida, a 5,20 por cento, contra 5,29 por cento antes. A meta para o período é de 4,5 por cento, com margem de 1,5 ponto percentual.
Para 2016, os especialistas consultados mantiveram a estimativa para a inflação em 7,21 por cento, acima do teto da meta --de 4,5 por cento com tolerância de 2 pontos percentuais.
O Top 5 --grupo que mais acerta as projeções no Focus-- manteve a projeção para a Selic ao fim do ano em 13,75 por cento e em 11,25 por cento para 2017. Já para a inflação este ano, a mediana recuou para 7,16 por cento, ante 7,20 por cento, enquanto a desaceleração foi mais acentuada para 2017, recuando a 4,97 por cento, sobre 5,29 por cento.
O Focus mostrou ainda que a expectativa para a contração do Produto Interno Bruto (PIB) este ano agora é de 3,24 por cento, sobre recuo de 3,27 por cento na semana anterior. Para 2017 a projeção permaneceu em crescimento de 1,10 por cento.
(Por Flavia Bohone)