BERLIM (Reuters) - É improvável que a Eurocopa 2024, que será realizada a partir de junho na Alemanha, se transforme em um conto de fadas para a maior economia da zona do euro, que tem tido dificuldades para crescer, segundo estudo realizado por um importante instituto e divulgado pela Reuters nesta sexta-feira.
"A experiência da Copa do Mundo em 2006 mostra que os grandes eventos esportivos não são fogos de artifício econômicos", disse Michael Groemling, diretor do Instituto Econômico Alemão (IW).
A economia alemã, fortemente inclinada para a indústria, tem enfrentado obstáculos desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022, o que elevou os custos de energia, e agora está em seu quarto trimestre consecutivo de crescimento zero ou negativo, pesando sobre toda a zona do euro.
Muitos consumidores provavelmente usarão a Eurocopa de 2024 como uma oportunidade para comprar uma nova televisão, convidar pessoas para uma exibição pública ou beber mais uma cerveja enquanto assistem aos jogos, disse ele.
"Mas eles economizarão dinheiro em outros lugares: salsicha em vez de um restaurante, TV em vez de ir ao cinema", disse Groemling. "Como resultado, os gastos do consumidor não estão necessariamente aumentando, mas mudando."
O evento pode proporcionar um pequeno impulso econômico para as 10 cidades que sediarão o torneio. No entanto, isso não resultará em um Produto Interno Bruto (PIB) maior no final do ano, de acordo com o estudo.
O PIB da Alemanha encolheu 0,3% em 2023, tornando-se a economia desenvolvida com o desempenho mais fraco do mundo. Espera-se um crescimento modesto neste ano.
É verdade que algum dinheiro ainda fluirá para alguns estádios na forma de obras de modernização. "Entretanto, não serão construídas novas estradas ou outras infraestruturas, como foi o caso da Copa do Mundo na África do Sul, por exemplo", disse Groemling.
Entretanto, os efeitos psicológicos não devem ser subestimados. "Um grande evento esportivo pode melhorar a confiança e a imagem do país anfitrião", disse o especialista, indicando que uma Eurocopa bem-sucedida do ponto de vista esportivo e organizacional pode tornar o país mais atraente.
(Por Rene Wagner e Maria Martinez)