Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - As pressões de custos para o setor de serviços brasileiro atingiram um pico em oito meses em junho como decorrência, em parte, das enchentes no Rio Grande do Sul, e o crescimento da atividade perdeu força, afetando a criação de vagas de emprego, de acordo com pesquisa divulgada nesta quarta-feira.
Em junho, o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) de serviços do Brasil, compilado pela S&P Global, caiu a 54,8, de 55,3 em maio, mas permaneceu pelo nono mês seguido acima da marca de 50 que separa crescimento de contração.
Tendências positivas de demanda sustentaram o crescimento de novos negócios e produção do setor. As vendas aumentaram pelo nono mês, mas a taxa de expansão foi mais fraca do que em maio, o que afetou a criação de vagas de emprego.
Apesar de os fornecedores de serviços terem contratado em junho para acompanhar o aumento dos novos negócios, a taxa de criação de postos de trabalho foi a mais fraca em quatro meses.
Os custos de insumos afetaram o setor em junho, com a taxa de inflação alcançando a máxima em oito meses em meio a relatos de fraqueza cambial, perdas de safra e as consequências das inundações no Rio Grande do Sul.
Os entrevistados citaram em particular preços mais elevados de energia, alimentos, combustíveis, seguros, mão de obra e água.
"O aumento acelerado nos custos de insumos visto nos dados do PMI de serviços pode apresentar desafios à economia brasileira e ampliar as preocupações entre as autoridades, particularmente no momento em que o Banco Central interrompeu o ciclo de afrouxamento e manteve a taxa de juros em 10,5% em junho", destacou a diretora associada de Economia da S&P Global Market Intelligence, Pollyanna De Lima.
Consequentemente, os esforços para proteger as margens levaram os fornecedores de serviços a repassar os custos adicionais aos clientes, aumentando os preços de vendas com mais força do que em maio.
Ainda assim, as empresas de serviços mostraram-se otimistas com um aumento na atividade empresarial ao olharem para um horizonte de um ano, embora o nível de confiança tenha caído em relação a maio. Cerca de 57% dos participantes da pesquisa projetaram crescimento da produção, com apenas 2% esperando redução.
Novas propostas em andamento, parcerias e os esforços de reconstrução no Rio Grande do Sul estão entre os motivos do sentimento positivo.
Os fornecedores de serviços relataram um aumento maio rápido na atividade do que a indústria, que foi contida também pela intensificação das pressões de custos, e o PMI Composto do Brasil ficou em 54,1 em junho, de 54,0 em maio.