Por Rodrigo Campos
NOVA YORK (Reuters) - O forte declínio nas estimativas do Fundo Monetário Internacional para o crescimento econômico da América Latina em 2019 resultou em grande parte de "fatores temporários", incluindo condições climáticas adversas, enquanto a incerteza política nas maiores economias também pesou sobre as estimativas.
Alejandro Werner, diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI, escreveu nesta segunda-feira que a produção mostrou queda, com fatores climáticos afetando a produção de minério no Chile e a produção agrícola no Paraguai, enquanto a atividade de mineração no Brasil desacelerou após um desastre na barragem da Vale em Brumadinho (MG).
Uma sub-execução orçamentária, greves trabalhistas e escassez de combustível também pressionaram o crescimento econômico do México, escreveu Werner.
Na semana passada, o FMI reduziu sua expectativa de crescimento econômico para 2019 na América Latina em mais da metade para 0,6%, em relação à estimativa de aumento de 1,4% registrada apenas três meses antes.
O Brasil, que deverá crescer apenas 0,8%, de 2,1% estimado há três meses, deve acelerar para 2,4% em 2020, "assumindo que uma reforma previdenciária robusta seja aprovada, a confiança seja retomada, os investimentos se recuperem e a política monetária permaneça frouxa", segundo Werner.
O México, que agora cresce 0,9% este ano, ante 1,6% na estimativa anterior, deverá acelerar para 1,9% em 2020 "à medida que as condições se normalizarem".
O FMI disse que é fundamental para o México manter sua meta de déficit fiscal em 2019 e aprovar um orçamento "prudente" para o próximo ano.
A contração econômica da Argentina em 2019 é ligeiramente maior em -1,3%, de -1,2%, mas o corte mais acentuado veio na estimativa de 2020, que caiu de 2,2% para 1,1%.
"Com a inflação se mostrando mais persistente, as taxas de juros reais precisarão permanecer mais altas por mais tempo, resultando em uma revisão para baixo do crescimento do PIB em 2020", escreveu Werner sobre a Argentina.
O FMI disse na semana passada que, como região, espera que a América Latina cresça 2,3% em 2020, em comparação com os 2,4% estimados em abril.