Por Howard Schneider
WASHINGTON (Reuters) - O Federal Reserve apresentou nesta quinta-feira um esforço amplo de 2,3 trilhões de dólares para ajudar os governos locais e pequenas e médias empresas, em sua mais recente medida para proteger a economia dos Estados Unidos conforme o país enfrenta a pandemia de coronavírus.
O banco central dos EUA disse que trabalhará com os bancos para oferecer empréstimos de quatro anos a empresas de até 10 mil empregados e comprará diretamente títulos de Estados e de condados e cidades mais populosos para ajudá-los a responder à crise de saúde.
Ao anunciar o que pode ser a medida mais revolucionária no combate à crise, o chairman do Fed, Jerome Powell, disse que o papel do banco central se ampliou agora para além de seu foco usual de manter os mercados "líquidos" e funcionando, abrangendo agora ajudar os EUA com o espaço econômico e financeiro que precisa em meio à emergência de saúde.
"A maior prioridade de nosso país tem que ser lidar com essa crise de saúde pública, fornecendo cuidado aos doentes e limitando a disseminação do vírus", disse Powell em comunicado divulgado nesta quinta-feira.
"O papel do Fed é fornecer todo o alívio e estabilidade que pudermos durante esse período de atividade econômica contida, e nossas ações hoje ajudarão a garantir que a recuperação seja a mais vigorosa possível."
O programa se propõe a injetar até 500 bilhões de dólares nos governos locais, que estão na linha de frente da batalha da saúde e podem ver a receita tributária cair à medida que o desemprego aumenta e as empresas são fechadas sob regras de distanciamento social que visam conter a propagação do vírus.
O Fed, neste caso, está comprando os títulos diretamente --um passo exigido por alguns democratas na Câmara dos Deputados dos EUA como um suporte necessário para os governos locais. A assistência do Fed estará disponível para os Estados, o Distrito de Columbia, condados com mais de 2 milhões de habitantes e cidades com mais de 1 milhão.
A nova medida utilizará bancos para canalizar até 600 bilhões de dólares em empréstimos de pelo menos 1 milhão de dólares a empresas com até 10 mil funcionários ou menos de 2,5 bilhões de dólares em receita, um esforço para expandir a rede de segurança para empresas, iniciada com a lei Cares, recentemente aprovada pelo Congresso.
Essa lei de resgate autoriza empréstimos diretos do Tesouro dos EUA a algumas empresas maiores e 350 bilhões de dólares para empresas com menos de 500 trabalhadores. Os pagamentos desses novos empréstimos serão adiados por um ano; os bancos deverão manter pelo menos uma participação de 5% em cada empréstimo.
As empresas que recebem os empréstimos "devem comprometer-se a fazer esforços razoáveis para manter os salários e os trabalhadores", não podem usar os recursos para refinanciar dívidas existentes e devem seguir os limites de coisas como pagamentos de dividendos e compensações estabelecidas para empresas maiores.
O banco central pode não ter terminado. Os programas anunciados nesta quinta-feira contam com 195 bilhões de dólares em capital fornecido pelo Tesouro dos EUA. Essa é apenas uma parte dos 454 bilhões que o Tesouro recebeu sob a lei Cares para novos programas do Fed.
(Reportagem de Howard Schneider)