Por Howard Schneider e Michael S. Derby
WASHINGTON (Reuters) - O Federal Reserve elevou sua taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual nesta quarta-feira, citando a inflação ainda elevada como justificativa para o que são agora os maiores custos de empréstimos nos Estados Unidos desde 2007.
O aumento, o 11º do Fed em suas últimas 12 reuniões, colocou a taxa de juros de referência do banco central dos EUA na faixa de 5,25% a 5,50%, um nível visto pela última vez pouco antes da quebra do mercado imobiliário em 2007 e que não foi superado de forma efetiva por cerca de 22 anos.
"O Comitê (Federal de Mercado Aberto) continuará avaliando informações adicionais e suas implicações para a política monetária", disse o Fed em linguagem pouco alterada em relação ao comunicado de junho, deixando as opções de política monetária do banco central em aberto, enquanto busca o ponto de parada para o ciclo de aperto atual.
Assim como em junho, o Fed disse que vai observar os dados recebidos e estudar o impacto de seus aumentos de juros na economia "para determinar a extensão de um aperto adicional na política monetária que poderia ser apropriado" para atingir sua meta de inflação de 2%.
Embora os dados de inflação desde a última reunião do Fed em junho tenham sido mais fracos do que o esperado, as autoridades têm relutado em alterar sua postura agressiva até que haja mais avanços na redução das pressões de preços.
O chair do Fed, Jerome Powell, disse que quaisquer decisões futuras sobre juros seriam tomadas reunião a reunião e que, no ambiente atual, as autoridades só podem fornecer orientações limitadas sobre o que vem a seguir para a política monetária.
Mas ele não descartou outros incrementos se fosse necessário.
"É certamente possível que elevemos a taxa básica de juros novamente na reunião de setembro se os dados justificarem, e eu também diria que é possível que optemos por nos manter firmes nessa reunião" se essa for a decisão certa, Powell disse em uma coletiva de imprensa após o lançamento da declaração de política monetária.
Mas Powell fez um alerta contra a expectativa de qualquer flexibilização de curto prazo nos juros. "Estaremos confortáveis em cortar os juros quando estivermos confortáveis em cortar os juros, e isso não acontecerá neste ano", disse Powell.
CRESCIMENTO MODERADO
As principais medidas de inflação permanecem mais do que o dobro da meta do Fed, e a economia, de acordo com várias medidas, incluindo uma taxa de desemprego em um nível baixo de 3,6%, tem superado as expectativas, dado o rápido aumento dos juros.
Os ganhos de emprego permanecem "robustos", disse o Fed, enquanto descreveu um ritmo "moderado" de crescimento da economia, uma ligeira melhora ante o ritmo "modesto" visto na reunião de junho.
O governo dos EUA vai divulgar na quinta-feira dados do PIB do segundo trimestre, com expectativa de expansão a um ritmo anual de 1,8%, segundo economistas consultados pela Reuters.
Powell disse que ainda tem esperança de que a economia norte-americana possa alcançar um "pouso suave", um cenário em que a inflação cai, o desemprego permanece relativamente baixo e uma recessão é evitada.
“Meu cenário básico é que seremos capazes de reduzir a inflação para nossa meta sem o tipo de desaceleração realmente significativa que resulta em altos níveis de perda de empregos", disse, destacando que a perspectiva está "muito longe de ser garantida".
Ele também ressaltou que os economistas da equipe do Fed não preveem mais uma recessão, como fizeram em reuniões recentes.
No entanto, faltando cerca de oito semanas até a próxima reunião do Fed, um intervalo mais longo do que o habitual, a moderação contínua no ritmo de aumentos de preços pode fazer deste o último aumento dos custos dos empréstimos em um ciclo que começou com uma alta cautelosa de 0,25 ponto percentual em março de 2022, antes de acelerar para o aperto monetário mais rápido desde a década de 1980.
Nas projeções econômicas mais recentes, 12 das 18 autoridades do Fed esperavam que pelo menos mais uma alta de 0,25 ponto seria necessária até o final deste ano.
((Tradução Redação São Paulo, 55 11 5047 2984))
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