O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) confirmou as expectativas do mercado e manteve inalteradas as taxas de juros nos Estados Unidos. Pela sexta vez consecutiva, e por unanimidade, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed reafirmou nesta quarta-feira o intervalo de 5,25% a 5,5% ao ano para os juros de referência nos EUA - que permanecem no maior patamar em duas décadas.
Em comunicado divulgado após a reunião, o Fomc disse que a inflação diminuiu no último ano, mas permanece em patamar elevado.
"A perspectiva econômica é incerta, e o comitê permanece altamente atento aos riscos inflacionários", diz o comunicado.
'Mais tempo'
Em entrevista após a reunião, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que a inflação persistente pode fazer a instituição manter os juros atuais "por mais tempo". Segundo ele, há, sim, caminhos que podem levar a "cortes de juros ou a nenhum corte neste ano", sem, no entanto, se comprometer com os próximos passos.
Além de reafirmar que a inflação chegará à meta de 2% ao longo do tempo, o dirigente disse que o banco central "não está satisfeito" com o seu nível atual, em torno de 3%.
Powell disse ainda que não há necessidade de elevar mais os juros, como chegou a se especular no mercado. Segundo ele, a política monetária "precisa de mais tempo para fazer seu trabalho".
Apesar dos juros altos, a economia norte-americana ainda mostra força, com crescimento robusto e um mercado de trabalho aquecido. É esse o cenário que dificulta a missão do Fed de levar a inflação para a meta.
Por isso, o dirigente reforçou que o Fed tomará suas decisões reunião a reunião.
Segundo ele, os indicadores darão a resposta sobre se o BC está ou não sendo "suficientemente restritivo". E repetiu que o Fed está sinalizando que "vai demorar mais tempo" até ter confiança para decidir por um corte nos juros.
Para o Brasil, esse adiamento tende a ser negativo.
"O impacto que temos é um câmbio mais pressionado - sai de R$ 5 e fica entre R$ 5,10 e R$ 5,20. Também a taxa de juros não se consegue baixar muito mais", diz Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.