Investing.com – Neste início de semana, as atenções dos investidores se voltam para a decisão sobre a taxa de juros do Federal Reserve, que será anunciada nesta quarta-feira, 20. A expectativa consensual é de que Federal Open Market Committee (FOMC, na sigla em inglês), mantenha as fed funds estáveis em uma faixa de 5,25% a 5,50% após uma reunião de dois dias.
Nesta segunda, 18, ampla maioria acreditava nessa hipótese, ou 98% dos investidores, segundo a ferramenta Monitor da Taxa de juros do Federal Reserve, do Investing.com.
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Os investidores estarão atentos às previsões econômicas, que serão divulgadas no documento em conjunto com o anúncio, e nas falas do chairman do Fed, Jerome Powell, em coletiva de imprensa. As indicações dos formuladores de políticas sobre os planos para o restante do ano e a visão do Fed a respeito da inflação no mercado americano estarão no foco, após um processo de desinflação que vem se mostrando mais difícil do que o esperado, com um mercado de trabalho considerado resiliente. Os dirigentes do Fed vêm apontando a possibilidade de conter a inflação sem uma recessão – mas ainda há dúvidas se o “pouso suave” irá se concretizar, de fato. Assim, a atualização das projeções dos membros do comitê para as principais variáveis macroeconômicas deve auxiliar no alinhamento das expectativas para os passos futuros da política monetária.
A entidade responsável pela política monetária dos Estados Unidos avalia a conjuntura macroeconômica com base em novas informações disponíveis para definir o próximo capítulo deste ciclo de aperto – o mais agressivo em quatro décadas, lembra Antonio van Moorsel, estrategista-chefe da Acqua Vero Investimentos, que está em linha a expectativa de manutenção da taxa de juros no patamar atual.
“Sem declarar o término desta campanha, o comunicado deve adotar um tom rigoroso, em harmonia com o discurso de Jerome Powell no simpósio de Jackson Hole, quando o banqueiro alertou que o Federal Reserve está preparado para aumentar ainda mais o juro, caso seja necessário, e afirmou que pretende mantê-lo em nível restritivo até que a inflação esteja em uma trajetória convincente em direção à meta oficial do banco central”, acredita.
Gabriel Fongaro, economista sênior do Julius Baer Brasil, concorda com essa visão, mas destaca que como ainda há uma dose elevada de incerteza para o cenário americano nos próximos trimestres, o Fed deve deixar a porta aberta para uma nova elevação nos juros na reunião de novembro. “Até lá, o Fed terá informações mais atualizadas sobre o desenvolvimento da economia neste segundo semestre, que pode auxiliar no diagnóstico se a economia americana precisa de uma dosagem maior de aperto monetário para que a inflação recue para a meta de 2,0% nos próximos anos”, completa.
A atividade econômica surpreendeu positivamente nos últimos meses, mostrando uma economia mais resiliente que o esperado no ambiente de juros mais altos. No entanto, o questionamento do mercado é se essa economia mais forte pode atrasar o processo de desinflação em curso, pondera Fongaro.
Após dois meses com sinais importantes de robustez no processo de desinflação em junho e julho o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de agosto mostrou uma inflação mais forte que a esperada, aumentando as dúvidas, recorda o especialista do banco suíço.
Mesmo assim, Greg Wilensky, chefe de renda fixa dos EUA na Janus Henderson, também avalia que os últimos dados da inflação no mercado americano não mudam a perspectiva de que o Fed deve manter a taxa de juros estável. “Acreditamos que provavelmente vimos o último aumento da taxa para este ciclo, pois os dados econômicos que o Fed verá nos próximos meses os manterão em espera e permitirão que o impacto de 5,25% dos aumentos anteriores desacelere a economia e a inflação”, reforça.