Por Marion Giraldo
SANTIAGO (Reuters) - O crescimento na América Latina estagnou em 0,1% em 2019 e avançará um pouco menos do que o esperado este ano, prejudicado pelas fraquezas e atrasos externos nas grandes economias regionais, como México e Argentina, disse o Fundo Monetário Internacional nesta quarta-feira.
Em suas primeiras projeções do ano sobre a atividade da região, o órgão sediado em Washington indicou que os países da América Latina apresentarão um crescimento de 1,6% este ano, uma queda de 0,2 ponto percentual em relação a seu relatório de perspectivas de outubro. No próximo ano, a atividade mostrará um avanço de 2,3%, acrescentou.
O novo panorama incorporou os efeitos de uma recuperação gradual prevista no mundo e apontou como fatores de risco as tensões sociais que surgiram em países como o Chile, onde o Fundo aplicou um drástico rabaixamento das projeções para a expansão deste ano, a 0,9%.
"Embora as causas das tensões sociais variem de um país para outro, elas geralmente refletem insatisfação com certos aspectos dos sistemas econômicos e políticos", disse o FMI em comunicado, acrescentando que a chave para reativar o crescimento "é torná-lo mais inclusivo".
O Chile, que já foi um dos países mais estáveis da América Latina, foi abalado em outubro por violentos protestos contra o sistema econômico que deixaram dezenas de mortos, danificaram a infraestrutura pública e alarmaram os investidores. O Produto Interno Bruto do país cresceu apenas 1% em 2019, de acordo com o relatório.
O FMI também reduziu sua previsão de crescimento para o PIB do México em 0,3 pontos, para 1% este ano, enquanto aguarda a normalização das condições econômicas, em grande parte sujeita a laços comerciais com os Estados Unidos, a política fiscal de seu governo de esquerda e o investimento fraco.
DISPARIDADE
As perspectivas do FMI para a América Latina contrastam de país para país e agora parecem refletir mais eventos internos, uma vez que o cenário global parece acalmar-se com o alívio das guerras tarifárias.
Para a Argentina, onde acaba de assumir um novo governo que negocia uma complexa reestruturação da dívida, o FMI espera uma contração de 1,3% em 2020 e uma recuperação a 1,4% no próximo ano, sem alterações em relação às estimativas de três meses atrás. O PIB argentino deve ter recuado 3,1% no ano anterior.
O Brasil, no entanto, verá uma expansão de 2,2% este ano, uma ligeira melhora em relação às estimativas divulgadas pelo FMI em outubro. Em 2019, a maior economia regional deve ter crescido 1,2% e agora será impulsionada pelas perspectivas de queda na inflação e pelos avanços na reforma previdenciária.
E, apesar das persistentes tensões sociais, o cenário econômico da Colômbia melhorou no ano passado, registrando uma expansão de 3,3%, afirmou a entidade, que elevou sua projeção de crescimento este ano para 3,5% devido ao apoio constante da política monetária e os efeitos da Imigração.
Sua vizinha, a Venezuela - que sofre o maior êxodo de sua história desencadeado pelo desastre econômico - está se preparando para sofrer uma contração econômica de 10% em 2020, depois que a atividade afundou 35% no ano passado, de acordo com os novos números, que não mostram alterações em relação ao relatório de outubro.