Por Leika Kihara
TÓQUIO (Reuters) - As falas recentes entre os principais bancos centrais sobre como evitar a "japonificação" levantaram um debate no Banco do Japão (BOJ) sobre a necessidade de rever sua estrutura de política monetária, mostrou um resumo das opiniões sobre a decisão de juros de janeiro.
O Federal Reserve (Fed) e o Banco Central Europeu (BCE) estão revisando sua abordagem de política monetária e metas de inflação para evitar a "japonificação" --um termo usado para descrever a batalha de duas décadas do país contra a deflação e o crescimento anêmico.
"Há um debate ativo sobre políticas econômicas na Europa e nos Estados Unidos devido à preocupação com o baixo crescimento prolongado e a inflação --a chamada japonificação", disse um dos nove membros da diretoria do BOJ.
"Apesar de levar em conta a política fiscal e a estratégia de crescimento do governo, é necessário revisar também a política monetária no Japão, dado o baixo crescimento prolongado e a inflação baixa", disse o membro na reunião de janeiro.
Outra opinião mostrada no resumo, divulgado nesta quarta-feira, sinalizava a necessidade de as autoridades se protegerem contra o risco de o Japão cair novamente em deflação.
Na reunião de janeiro, o BOJ manteve a política estável e elevou suas previsões de crescimento com a redução dos riscos globais. Mas o presidente do BOJ, Haruhiko Kuroda, enfatizou sua decisão de manter as políticas ultraflexíveis devido à permanência das incertezas mundiais.
Atualmente, a diretoria do BOJ está dividida entre aqueles que vêem espaço para aumentar os estímulos e os que desconfiam do custo crescente do prolongado relaxamento monetário.
Alguns membros alertaram sobre os efeitos colaterais da política monetária do BOJ, com um dizendo que a redução dos custos dos empréstimos não impulsionará muito a economia porque famílias e empresas continuam economizando mais do que gastam, mostrou o texto.
Outro membro disse que as taxas de juros negativas podem prejudicar as expectativas de inflação, tornando as famílias e as empresas mais céticas quanto às perspectivas econômicas, segundo o documento.