Por Gabriel Codas
Investing.com - Pela décima semana consecutiva foi registrada uma nova redução nas expectativas do do Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 por instituições financeiras, devido aos efeitos negativos do coronavírus na economia. Os economistas ouvidos pelo Boletim Focus do Banco Central (BC) passam a projetar que queda de 2,96% no ano, contra 1,96% na semana anterior. Há quatro semanas, a estimativa era de alta de 1,48%.
Por outro lado, mais uma vez os analistas ampliaram as apostas de crescimento econômico de 2,70% para 3,10% em 2021, mantendo em 2,50% em 2022 e 2023. Na avaliação dos economistas, a crise provocada pela pandemia de coronavírus tem forte intensidade, mas ocupando período temporal menor que geralmente ocorre em crises originárias de situações econômicas e financeiras - conhecida como recuperação em "V".
Os analistas também revisaram para baixo a inflação oficial de 2020, de 2,52% da projeção da semana passada para 2,23%. Há quatro semanas, a aposta era de um IPCA a 3,04% no fim do ano. A aposta para o fechamento do ano-calendário segue abaixo do centro da meta de 4,00% e, pela primeira vez, abaixo do da margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
Na semana passada, foi divulgado que o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) teve alta de 1,0% na segunda prévia de abril, de 0,99% no mesmo período do mês anterior, com uma leve desaceleração da alta dos preços no atacado sendo compensado pela pressão maior ao consumidor.
A Fundação Getúlio Vargas informou que o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que responde por 60% do índice geral e apura a variação dos preços no atacado, passou a subir 1,36% no período, contra alta de 1,41% antes.
O grupo Bens Finais teve variação negativa de 0,02% depois de ter registrado salto de 0,97% no mês anterior. Segundo a FGV, a maior contribuição para este resultado partiu dos combustíveis para o consumo.
Houve queda nas estimativas de inflação para 2021, com os analistas estimando o IPCA em 3,40%. A estimativa fica abaixo do centro da meta de inflação estipulado para o ano que vem, de 3,75%.
A redução na estimativa de crescimento e a perspectiva de queda da inflação este e no próximo ano levam os analistas a apostar em novas reduções da taxa Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A autoridade monetária deve realizar pelo menos mais dois cortes em 2020, uma de 0,5 ponto percentual na reunião de maio e outra de 0,25 no encontro de junho, indo do atual patamar de 3,75% para 3,0%. Os analistas não preveem novas reduções em diante.
Os analistas também estimam que o ciclo da alta de juros se inicie ano que vem, com uma Selic a 4,50% no fim de 2021. Já para 2022 segue em 6,00%, como a de 2023, em 6,00%.
Em relação ao dólar, as apostas de 2020 foram elevadas de R$ 4,60 para R$ 4,80, após encerrar 2019 a R$ 4,0195. A moeda americana iniciou o forte período de volatilidade após o Carnaval, quebrando sucessivos recordes máximos de fechamento. Há quatro semanas, os analistas projetavam um dólar a R$ 4,50 no fim do ano. No ano que vem, as estimativas foram elevadas para R$ 4,50, depois de uma elevação na semana anterior para R$ 4,47.