Por Gabriel Codas
Investing.com - O Banco Central divulgou, nesta segunda-feira (10), mais uma edição do Boletim semanal Focus, trazendo, pela sexta semana consecutiva, a estimativa de menor queda do crescimento da economia brasileira em 2020. Além disso, os economistas mantiveram a expectativa para o IPCA e mantiveram para o dólar e taxa Selic, depois da decisão do Copom da última quarta-feira e dos números do IPCA, divulgados na sexta-feira.
O cenário é mais uma vez sinal de uma crise econômica bastante intensa no país por conta da pandemia da Covid-19, mantendo sinais que pode ser menos pior do que esperada anteriormente.
PIB
A exemplo do período anterior, a projeção do PIB brasileiro avançou, mas ainda se mantém sob uma queda intensa. A estimativa agora é uma retração de 5,62% do PIB em 2020, contra 5,66% da semana passada. Há quatro semanas, a projeção estava em -6,10%. Para 2021, a estimativa segue de crescimento em 3,50% e se manteve em 2,50% para 2022 e 2023.
Inflação
Os analistas mantiveram a estimativa em 1,63%. Há quatro semanas, o mercado via uma inflação encerrando 2020 em 1,72%. A aposta para o fechamento do ano-calendário segue abaixo do centro da meta de 4,00% e abaixo do piso da margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
Houve a manutenção das estimativas de inflação para 2021 - horizonte da política monetária do Banco Central sob o sistema de metas de inflação -, com os analistas estimando o IPCA em 3,00%. A estimativa também fica abaixo do centro da meta de inflação estipulado para o ano que vem, de 3,75%.
Entre os cinco maiores acertos do Boletim, o chamado Top-5, a previsão é de um IPCA no fim do ano, a 1,62%, enquanto há 4 semanas a estimativa estava em 1,68%. Para 2021, o TOP-5 também prevê a inflação oficial em 3,01%.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho subiu 0,36%, 0,10 ponto percentual (p.p.) acima da variação observada em junho (0,26%). Este é o maior resultado para um mês de julho desde 2016, quando o IPCA foi de 0,52%. No ano, o indicador acumula alta de 0,46% e, em 12 meses, de 2,31%, acima dos 2,13% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em julho de 2019, a taxa havia sido de 0,19%.
No que diz respeito aos índices regionais, todas as 16 áreas pesquisadas apresentaram variação positiva. O menor índice ficou com a região metropolitana de Vitória (0,21%), especialmente por conta da queda nos preços da batata-inglesa (-38,28%) e do tomate (-21,19%). Já o maior resultado foi observado no município de Rio Branco (0,75%), particularmente em função da alta nos preços da gasolina (7,04%).
Selic
Depois da decisão do Copom da última semana, os analistas seguem esperando que a taxa Selic fique 2,00% em 2020. O TOP-5 segue prevendo 2,00%, com o corte de apenas 0,25 ponto percentual da semana passada.
Para 2021, os economistas mantiveram a projeção de Selic em 3%, e mantiveram em 4,5% para 2022 e de 6% para 2023, enquanto o TOP prevê uma Selic a 3,0% em 2021, 4,25% para 2022 e 5,63% em 2023.
O Banco Central cortou naquarta-feira a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, para nova mínima histórica de 2% ao ano, em linha com consenso de mercado, e manteve a porta aberta para novo ajuste na taxa de juros.
"O Copom (Comitê de Política Monetária) entende que a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas reconhece que, devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno", disse o BC em comunicado
Dólar
Em relação ao dólar, as apostas de 2020 foram mantidas R$ 5,20 pela oitava semana consecutiva, após encerrar 2019 a R$ 4,0195. A moeda americana iniciou o forte período de volatilidade após o Carnaval, quebrando sucessivos recordes máximos de fechamento, chegando a se aproximar de R$ 6,00 em meados de maio.
Há quatro semanas, os analistas projetavam no Focus um dólar a R$ 5,20 no fim do ano. No ano que vem, as estimativas seguem em R$ 5,00, a mesma estimativa de quatro semanas atrás. Em 2022 as projeções foram reduzidas de R$ 4,85 para R$ 4,80 e, em 2023, mantida em R$ 4,80.