Por Gabriel Codas
Investing.com - O Banco Central divulgou nesta segunda-feira (1º) a edição semanal do Boletim Focus, trazendo novas reduções nas estimativas dos analistas de mercado para o desempenho do PIB brasileiro de 2020 e também da inflação oficial para o fechamento do presente calendário. Os dados reforçam a tendência negativa da economia do país em meio a crise vivida devido à pandemia do coronavírus.
PIB
A aceleração dos números de casos e mortes em decorrência da Covid-19, que deve manter a restrição de circulação da população em todo do país – apesar do afrouxamento das medidas nos estados a partir de junho- fez com que os analistas de mercado cortassem pela décima sexta semana seguida a projeção de queda do PIB brasileiro no ano. Os economistas ouvidos pelo BC agora projetam uma queda de 6,25% do PIB em 2020, contra 5,89% da semana passada. Há quatro semanas, a estimativa estava em -3,76%. Para 2021, a estimativa segue em 3,50% e se manteve em 2,50% para 2022 e 2023.
O Produto Interno Bruto (PIB) nacional caiu 1,5% no primeiro trimestre de 2020, na comparação com o último trimestre do ano anterior, afetado pela pandemia do novo coronavírus e o distanciamento social, que começou em março no país. Em valores correntes, o PIB, que é soma dos bens e serviços produzidos no Brasil, chegou a R$ 1,803 trilhão.
Os dados são do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais divulgado na última sexta-feira pelo IBGE. Em relação ao primeiro trimestre do ano passado, a economia recuou 0,3%.
A queda do PIB interrompe a sequência de quatro trimestres positivos e marca o menor resultado desde o segundo trimestre de 2015 (-2,1%). Com isso, o PIB está em patamar semelhante ao que se encontrava no segundo trimestre de 2012, considerando o período antes da crise de 2014.
Inflação
Os analistas novamente levaram para baixo a estimativa da inflação oficial, de 1,57% da projeção da semana passada para 1,55%. Há quatro semanas, a aposta era de um IPCA a 1,97% no fim do ano. A aposta para o fechamento do ano-calendário segue abaixo do centro da meta de 4,00% e abaixo do da margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
Houve redução nas estimativas de inflação para 2021 - horizonte da política monetária do Banco Central sob o sistema de metas de inflação -, com os analistas estimando o IPCA em 3,10% e não mais 3,14%. A estimativa também fica abaixo do centro da meta de inflação estipulado para o ano que vem, de 3,75%.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) teve queda de 0,59% em maio após variação negativa de 0,01% no mês anterior, de acordo com os dados divulgados na última terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A deflação dos preços ao consumidor se intensificou em maio e a prévia da inflação brasileira chegou ao patamar mais fraco desde 1994, com forte queda dos combustíveis em meio às medidas de contenção do coronavírus.
A leitura do mês marca a deflação mais intensa já registrada desde o início do Plano Real, em 1994, e a queda dos preços foi mais forte do que a expectativa em pesquisa da Reuters de recuo de 0,45%.
Selic
O constante cenário de deterioração das projeções do PIB e IPCA - especialmente da inflação no próximo ano, horizonte da política monetária - suportam renovadas apostas de corte da Selic na próxima reunião do Copom. Seguindo a última decisão da autoridade monetária, que surpreendeu o mercado ao cortar a Selic em 0,75 ponto percentual, de 3,75% para 3,00% ao ano, os economistas consultados pelo Focus esperam o final do ciclo de ultra afrouxamento monetário em 2,25% em 2020, com um corte adicional de 0,75 ponto percentual na próxima reunião em junho.
Há quatro semanas, a expectativa era que a Selic fechasse 2020 em 2,75%. O texto da última decisão do BC limita o atual ciclo de flexibilização com a taxa Selic em 2,25% ao ano.
Os analistas também estimam que o ciclo da alta de juros se inicie ano que vem, com uma Selic a 3,38% no fim de 2021. Já para 2022 se manteve 5,13%, e a de 2023 ficou em 6,00%.
Dólar
Em relação ao dólar, as apostas de 2020 foram mantidas R$ 5,40, após encerrar 2019 a R$ 4,0195. A moeda americana iniciou o forte período de volatilidade após o Carnaval, quebrando sucessivos recordes máximos de fechamento, chegando a se aproximar de R$ 6,00 em meados de maio. Há quatro semanas, os analistas projetavam um dólar a R$ 5,00 no fim do ano. No ano que vem, as estimativas foram elevadas para R$ 5,08.