Por Gabriel Codas
Investing.com - Mais uma vez, os analistas do mercado reduziram as estimativas do crescimento econômico do país em 2020, além de manter a estimativa de que a Selic deve fechar o ano em 4,25%, segundo o Boletim Focus divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira (9). Além disso, a forte alta do dólar após o Carnaval elevou pela primeira vez o IPCA para o fechamento do ano.
Os economistas ouvidos pelo BC cortaram as estimativas do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2020, seguindo a tendência de revisão para baixo realizada por instituições financeiras. O levantamento realizado pela autoridade monetária aponta redução na estimativa de alta do PIB de 2,17% para 1,99%, pela primeira vez abaixo de 2%. Há quatro semanas, a estimativa era que o PIB tivesse avanço de 2,30%. Para 2021, a aposta se manteve, em 2,50%, mantendo o mesmo patamar para 2022 e 2023.
As novas projeções apontam para a inflação oficial de 2020 com leve ajuste para cima de 3,19% para 3,20%, interrompendo a sequência de nove semanas consecutivas de queda, sendo que há quatro semanas a aposta era de 3,21%. A aposta para o fechamento do ano-calendário segue abaixo do centro da meta de 4,00% e dentro da margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. Já para 2021, os analistas mantiveram as projeções do IPCA das últimas 64 semanas, estimando uma alta de 3,75%, no centro da meta estabelecida para o ano que vem.
A fraqueza nos índices oficiais de preço em 2020 e manutenção da projeção do IPCA no centro da meta estabelecida para o ano que vem contribuem para as estimativas de manutenção da taxa Selic em 4,25% ao ano no fim de 2020, depois da decisão de janeiro de reduzir a taxa de juros e sinalização do Copom em não realizar mais cortes nas próximas reuniões, segundo o comunicado da reunião. Os analistas também desconsideram o comunicado do Copom após o corte emergencial de juros pelo Fed na semana passada, cujo teor foi apontado como uma indicação de mais cortes da Selic para conter impactos negativos do surto de coronavírus.
Além disso, a amostra não leva em consideração nota da edição de domingo do jornal O Globo, de que o Copom já avalia cenário com juros negativos no Brasil. As informações seriam do presidente da instituição, Roberto Campos Neto. Voltando às projeções Focus, os analistas estimam que início do ciclo da atla de juros para o ano que vem, estimando uma Selic a 5,75%, menor que os 6% projetado no Boletim anterior. Já para 2022 e 2023, prossegue a projeção de uma Selic a 6,50%.
Em relação ao dólar, as apostas de 2020 foram mantidas R$ 4,20, após encerrar 2019 a R$ 4,0195. A moeda teve forte volatilidade após o Carnaval, quebrando recordes máximos de fechamento por 12 sessões consecutivas. Há quatro semanas, os analistas projetavam um dólar a R$ 4,10 no fim do ano. No ano que vem, as estimativas foram mantidas em R$ 4,15, depois de uma elevação na semana anterior.