Por Howard Schneider
WASHINGTON (Reuters) - O Federal Reserve deverá manter as taxas de juros nesta semana, com os formuladores de política monetária colocando na balança o crescimento econômico mais forte do que o esperado nos Estados Unidos e a inflação tépida.
As autoridades não deram nenhum sinal nas últimas semanas de qualquer mudança na taxa básica de juros do banco central dos EUA, atualmente entre 2,25 por cento e 2,50 por cento. Os mercados têm apostado fortemente que a abordagem "paciente" do Fed significa apenas isso --taxas estáveis até que uma série de boas ou más notícias sobre a economia forneça uma razão convincente para movimentá-las.
Dados compilados pelo CME Group colocam as chances de o Fed manter as taxas inalteradas esta semana em 97 por cento.
"Não esperamos uma grande mudança de tom", em comparação com a declaração do Fed em meados de março, com as autoridades provavelmente "mais otimistas sobre o crescimento, embora com uma leitura mais cautelosa dos recentes desenvolvimentos inflacionários", disse Michael Feroli, economista do JP Morgan.
O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), responsável pela definição da política monetária, deve divulgar seu comunicado às 15h (horário de Brasília) de quarta-feira, após o término de uma reunião de dois dias. O chairman do Fed, Jerome Powell, fará uma coletiva de imprensa pouco depois.
Nas semanas que se seguiram à reunião do Fed em março, a maioria dos dados dos EUA surpreendeu positivamente, diminuindo a probabilidade de que as autoridades fossem obrigadas a reduzir as taxas, como tem exigido o presidente Donald Trump.
A inflação, em particular, continua a ficar aquém da meta de 2 por cento do Fed e foi de apenas 1,5 por cento em uma base anual, no relatório mais recente. Algumas autoridades, mais notavelmente o vice-chair do Fed, Richard Clarida, disseram que também sentem que as expectativas de inflação estão se aproximando de níveis desconfortavelmente baixos.
Autoridades do Fed observam diferentes métricas de expectativas de inflação quase tão de perto quanto os números reais da inflação e as veem como centrais para os próximos passos da política monetária.
Essa é uma forte razão, dizem os analistas, para que o Fed adie os aumentos de juros até que esteja claro que a inflação está subindo.
Diante da "dicotomia" entre o contínuo crescimento econômico e a inflação abaixo da meta, "o Fed deve manter a política suspensa em sua reunião de maio do Fomc enquanto navega no cabo de guerra", escreveram analistas do Deutsche Bank.