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Esquerda grega aposta no medo à saída da zona do euro com mensagem europeísta

Publicado 12.06.2012, 17:45
Atualizado 12.06.2012, 18:07

Andrés Mourenza.

Atenas, 12 jun (EFE).- A esquerda radical grega do partido Syriza aposta em explorar os temores de parte da população sobre a potencial saída da Grécia da zona do euro, eventualidade popularmente conhecida como "Grexit", com a promessa de que, se vencer as eleições do próximo domingo, trabalhará para assegurar a permanência do país no bloco.

"Governaremos para garantir a permanência da Grécia na zona do euro", declarou o líder do Syriza, Alexis Tsipras, em entrevista coletiva nesta terça-feira em Atenas.

Mesmo assim, reiterou sua oposição aos dois memorandos de medidas de austeridade assinados pelo governo grego anterior e a Comissão Europeia - órgão executivo da União Europeia (UE) - em troca de pacotes de resgate por um valor total de 240 bilhões de euros.

"A solução para a Grécia está na Europa. E esta solução deve ser defendida. E quanto mais (nações) apoiarem o ponto de vista europeu, mais nossa pátria se beneficiará", afirmou nesta terça-feira o conservador Antonis Samaras, líder da Nova Democracia (ND), principal rival do Syriza.

O partido de Samaras, que nesta terça-feira recebeu o apoio do presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, pretende aproveitar a ocasião da recente aprovação do pacote de ajuda da zona do euro para recapitalizar o setor bancário da Espanha. Para a ND, trata-se de uma "oportunidade" para a Grécia renegociar as condições do resgate que recebeu da UE e do Fundo Monetário Internacional (FMI).

No entanto, Samaras rejeita as medidas propostas pelo Syriza já que, na opinião de um de seus assessores, levarão a Grécia para fora da zona do euro.

Tsipras disse nesta terça-feira que esses rumores e ameaças são parte de uma "campanha para aterrorizar o povo", campanha esta procedente daqueles que, em sua opinião, buscam permanecer no governo após terem levado a Grécia "à quebra".

"Os que especulam são os partidos que nos levaram à quebra, os banqueiros que temem perder o controle dos bancos que eles mesmos levaram à quebra e os representantes da corrupção política", criticou.

Tsipras acusou o atual "sistema corrupto" de colocar em perigo a permanência da Grécia na zona do euro, em referência à ND e ao Movimento Socialista Pan-Helênico (Pasok), os dois partidos que dominaram a cena política grega nos últimos 38 anos.

Além disso, o jovem líder esquerdista advertiu que, se Bruxelas continuar exigindo a aplicação do acordo de austeridade, inclusive após um triunfo de seu partido, "significará que a UE não reconhece a democracia".

"Uma Europa sem democracia não tem futuro político, também não credibilidade. Uma Europa sem a Grécia estará culturalmente inválida", afirmou o político.

Para ele, é do interesse de todos os membros da União Europeia (UE) evitar a queda da Grécia, já que a crise, em sua opinião, "ferve em todos os países do Sul europeu e depois se estenderá à Europa Central".

"Estamos muito contentes que a cada dia mais responsáveis políticos admitam que a austeridade não é a solução", sentenciou Tsipras.

As eleições do próximo domingo chegam num momento em que a escassez de fundos começa a ser percebida na vida diária.

Vários hospitais se queixam da impossibilidade de comprar remédios e outros materiais porque o Estado não pagou os fundos que lhes endivida e muitas farmácias só fornecem remédios mediante pagamento prévio.

Igualmente, o governo interino planeja uma injeção de urgência de pelo menos 40 milhões de euros às companhias elétricas estatais a fim de evitar um corte energético.

O mesmo ocorre com a companhia estatal de gás, que nos próximos dias deve abonar pelo menos 155 milhões de euros a seus fornecedores na Turquia e Rússia.

Por outro lado, nas últimas semanas, várias seguradoras deixaram de garantir as exportações à Grécia por temor a calotes, o que repercute no fornecimento de bens de um país que importa boa parte de seus produtos básicos.

Nesta situação, a fuga de depósitos bancários continua sendo um problema e, segundo o jornal "Kathimerini", desde o início de junho, retirou-se entre 100 milhões e 500 milhões de euros diários. EFE

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