WASHINGTON (Reuters) - Os gastos dos consumidores nos Estados Unidos subiram menos do que o esperado em janeiro, com o maior aumento mensal da inflação em quatro anos corroendo o poder aquisitivo das famílias, o que aponta para um crescimento econômico moderado no primeiro trimestre.
O avanço da inflação aumenta a possibilidade de uma alta da taxa de juros pelo Federal Reserve neste mês. Embora ainda abaixo da meta do banco central norte-americano de 2 por cento, a inflação está agora no topo da faixa que os integrantes do Fed avaliaram em dezembro que poderia ser alcançada este ano.
Apesar dos sinais de crescimento econômico moderado no início do primeiro trimestre, a recuperação no setor manufatureiro está ganhando força, com a atividade manufatureira subindo para o patamar máximo de dois anos e meio em fevereiro, apontaram outros dados divulgados nesta quarta-feira.
"O núcleo da inflação está se aproximando gradualmente da meta, o que explica em parte porque os integrantes do Fed parecem estar defendendo o aumento da taxa de juros em março", disse Paul Ashworth, economista-chefe dos EUA na Capital Economics, em Toronto.
O Departamento de Comércio dos EUA informou que os gastos dos consumidores, que representam mais de dois terços da atividade econômica norte-americana, subiram 0,2 por cento em janeiro depois de avançarem 0,5 por cento em dezembro.
Economistas entrevistados pela Reuters previram que os gastos dos consumidores aumentariam 0,3 por cento em janeiro.
Os gastos dos consumidores provavelmente devem continuam apoiados em meio às promessas do governo do presidente dos EUA, Donald Trump, de grandes cortes de imposto e aumento significativo dos gastos com infraestrutura.
Em um discurso ao Congresso na noite de terça-feira, o presidente Donald Trump disse que sua equipe econômica estava trabalhando em uma "reforma tributária histórica que reduziria a taxa de imposto sobre nossas empresas" e prometeu um alívio fiscal "maciço" para a classe média. Trump não ofereceu mais detalhes.
A confiança do consumidor aumentou após a vitória de Trump na eleição, atingindo um máximo de 15 anos e meio em fevereiro.
Em janeiro, o índice de preços dos gastos de consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês) aumentou 0,4 por cento - o maior avanço desde fevereiro de 2013 - depois de subir 0,2 por cento em dezembro.
Nos 12 meses até janeiro, o índice de preços PCE saltou 1,9 por cento. Esse foi o maior ganho ano a ano desde outubro de 2012, ante avanço de 1,6 por cento até dezembro.
Excluindo alimentos e energia, o chamado núcleo do índice de preços PCE subiu 0,3 por cento em janeiro. Esse foi o maior aumento desde janeiro de 2012 e se seguiu ao ganho 0,1 por cento em dezembro.
O núcleo do índice de preços PCE aumentou 1,7 por cento na comparação anual ante avanço similar em dezembro. O número do PCE central é a medida de inflação preferida do Fed.
Em um relatório separado divulgado nesta quarta-feira, o Institute for Supply Management (ISM) informou que o índice de atividade fabril nacional aumentou para uma leitura de 57,7 no mês passado, a maior desde agosto de 2014, ante 56,0 em janeiro.
Uma leitura acima de 50 indica uma expansão na indústria manufatureira, que representa cerca de 12 por cento da economia dos EUA. Parte do aumento provavelmente reflete um aumento na confiança das empresas após a vitória de Trump na eleição de novembro do ano passado.
Outro relatório do Departamento de Comércio divulgado nesta quarta-feira mostrou que os gastos com construção recuaram 1,0 por cento em janeiro depois de ganhar 0,1 por cento em dezembro.